sexta-feira, 23 de maio de 2014

TEM QUE OUVIR: Grand Funk Railroad - Grand Funk (1969)

O rock é um estilo que se desenvolveu rapidamente rumo a sofisticação lírica e musical. Mas se tem uma sonoridade que é a essência do estilo é aquele hardão típico da década de 1970. Com execução poderosa, os americanos do Grand Funk Railroad representam muito bem essa estética. 

O power trio trazia na sua formação o Mark Farner (vocalista/guitarrista/compositor), Don Brewer (bateria) e Mel Schacher (baixo). Grand Funk (1969), segundo trabalho do grupo, também conhecido como Red Album, é uma pérola do rock n' roll.


Com uma mistura bombástica de música americana, onde blues, soul, funk e hard rock se encontram num mesmo caldeirão, o Grand Funk é acima de tudo energia. Os instrumentos eram tocados com garra, as composições não eram das mais elaboradas (ainda mais para uma época em que Cream e Led Zeppelin reinavam) e a gravação era visceral. Taís características não foram bem aceitas pela imprensa. O público, por sua vez, fez do grupo um dos grandes nomes do hard rock, sempre lotando suas apresentações. Era uma banda com a cara da América jovem e proletária.

É possível notar o elevado nível de testosterona logo na faixa que abre o disco, a espetacular "Got Got This Thing On The Move", com direito a um baixo que se assemelha a uma motosserra devido seu timbre saturado. As válvulas dos amplificadores estão fritando. Uma das gravações de rock mais genuinamente pesadas que existe.

Com um groove gorduroso e boas melodias, "Please Don't Worry" revela a capacidade do grupo em compor canções memoráveis, qualidade essa que iria aflorar no decorrer da carreira.

O balanço herdado da música negra é explicito em "Mr. Limousine Drive". Esse swing funky gera o perfeito equilíbrio diante da "simplicidade" das performances. 

As longas "In Need" e "Inside Looking Out" reúnem riffs e solos para fã nenhum de rock n' roll botar defeito. Adoro o clima de jam. A interação entre os três integrantes é típica de um grupo que ralou muito.

No passado esse disco foi considerado desprezível. Hoje torcemos para que apareça uma nova banda fazendo canções com tamanha visceralidade genuína. Pouco provável. Só nos resta abrir uma cerveja e ouvir esse discão em formato de vinil. Saudosismo? Que seja.

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