Quando o The Temptations lançou Cloud Nine (1969), eles já eram um grupo consagrado e experiente, sendo considerado um dos principais nomes do r&b e doo-wop. Todavia, neste trabalho eles abusaram de uma inventiva e espetacular fusão de funk com elementos psicodélicos.
Com hits e singles de sucesso - vide "My Girl" -, precisou esse grupo vocal de prestigio para escancarar de vez essa abordagem funk/psicodélica dentro da conservadora Motown. Para isso eles contaram com a indispensável contribuição do Norman Whitfield na produção e composição, essa última atividade com seu fiel parceiro Barrett Strong. O sucesso comercial foi estrondoso. A critica também adorou, garantindo até mesmo o primeiro Grammy para a gravadora. Além disso, choveram músicos influenciados pela obra, do George Clinton ao Isaac Hayes.
O grupo contava neste instante com Melvin Franklin, Otis Williams, Eddie Kendricks, Paul Williams e Denis Edwards, esse último substituindo David Ruffin. Fora da linha de frente, músicos do Funk Brothers forneciam a base swingada para o disco.
Bebendo na fonte do Sly And The Family Stone, é possível visualizar a influência nas guitarras recheadas de wah-wah de "Cloud Nine", na percussão latina/psicodélica de "Runaway Child, Running Wild", na liberdade criativa sócio-política de "I Heard It Through The Grapevine" e nas incontáveis linhas de baixo dançantes, vide "Don't Let Him Take Your Love From Me" e "Gonna Keep On Tryin' Till I Win Your Love". Mas The Temptations era um grupo vocal e seu poder de fogo é se mostra gritante em faixas como "Hey Girl" e "I Gotta Find a Way (To Get You Back)".
Cloud Nine é a tradução de uma época. Um documento em nome do que de melhor a black music americana produziu.
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