sexta-feira, 28 de março de 2014

TEM QUE OUVIR: New Order - Technique (1989)

A evolução da música pop caminha lado a lado a trajetória do New Order. De dissidentes de um tecnicamente limitado Joy Division, eles alcançaram uma verdadeira revolução estética em álbuns como o seminal Technique (1989), quinto álbum da banda, o último lançado pela Factory.


A produção eletrônica com traços da miami bass - moderna pra época, hoje datada, embora ainda charmosa -, de canções como "Round & Round", serviam de trilha sonora para as noites britânicas, principalmente na efervescente Manchester da virada da década de 1980, ainda que a inspiração fosse uma praia ensolarada de Ibiza, onde o disco foi concebido, justamente na época em que as festas de música eletrônica explodiam na região. 

É inviável tentar se conter diante dos timbres de sintetizadores com excesso de brilho e dos ritmos pesados/dançantes extraídos da bateria eletrônica, principalmente em "Fine Time", faixa embrião da acid house, que despontava como o futuro da música, fosse dentro do rock (The Stone Roses) ou da música eletrônica (808 State). Há um clima absurdamente hedonista nesta canção.

Há quem enxergue nas baladas do grupo uma doçura pop além da conta - como na melódica "Love Less" -, mas não há como negar que o New Order sabia compor e transmitir momentos inspiradíssimos, vide "All The Way".

As linhas de baixo agudas e melódicas do Peter Hook, trazidas desde a época do Joy Division, ainda estão lá ("Guilty Partner"), mas é a mão do Bernard Sumner que pesa com mais força no decorrer do trabalho, tanto através de seu vocal suave quanto via sua minimalista guitarra ("Run").

Longe do pop descartável, ouvir New Order é vivenciar uma época criativa da música e ir de encontro a boas composições e produção extremamente influente e desbravadora. Eis o dance rock perfeito.

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