terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Professores de guitarra, por favor, conheçam seus instrumentos!

Acompanhe minha linha de raciocínio e entenderá o titulo do post.

Sábado fui num bar. Em meio a conversa fiada e jarros de cerveja, conheci um "professor de guitarra". Não, nunca vi o sujeito tocando. Não, não conheço seu método de ensino. E não, não teria aulas como ele. Explico o porquê.

O dito cujo começou o papo menosprezando o punk rock. Logo depois se intitulou um "punheteiro da guitarra" (sim, ele usou tais palavras!). Disse idolatrar Synyster Gates e assumiu não conhecer o Allan Holdsworth. No fim, disse que era "especialista" (sim, ele usou essa palavra!) em sweep picking, mas quando citei Frank Gambale, ele disse desconhecer o músico. Encerrei o assunto.

Não acho que um professor de guitarra tem que se fechar no mundo fusion/jazz cabeçudo, mas um professor de guitarra tem ao menos que conhecer os trejeitos/fraseado/técnicas/história do instrumento. Tem que saber (não precisa dominar, mas saber) a linguagem da música brasileira, country, blues, jazz, fusion, funk, folk, música erudita e, claro, do rock (do punk rock básico ao metal progressivo mais técnico). Conhecer, respirar, incorporar... nunca para esbanjar, mas sempre para evoluir, criar novas linguagens e transmitir conhecimento para seus alunos.

Com isso claro, postarei aqui alguns nomes pra galera fugir dos virtuoses de sempre (Vai, Satriani, Malmsteen, Petrucci...). Nada contra esses caras, mas a não ser que você tenha 12 anos e esteja começando no instrumento, é hora de você buscar novos sons. Aqui vão alguns nomes básicos. Apenas três, pra não entortar a cabeça. Se você é professor de guitarra, tem que conhecer esses caras.

Absorva sem pressa. Preste atenção no fraseado, na fluidez, nas composições, nos timbres, na técnica, nas harmonias, nas melodias, na respiração, na dinâmica... na interpretação como um todo.

Mike Stern
A fluidez com que ele passeia pela escala cromática é de outro mundo.
Disco: Upside Downside (1986)

Robben Ford
Muito jazz pra ser blues, muito blues pra ser jazz.
Disco: Talk To You Daughter (1988)

John Scofield
Gênio do fraseado "pra trás". Você nunca sabe quando e que nota virá.
Disco: Flat Out (1989)


Obs: Post feito no passado que pode ser de grande utilidade para os manés que se dizem professores de guitarra (tô rancoroso): TOP 5 Guitarra Fusion (clique aqui).

Obs 2: Até dei um toques para o cara lá na hora, mas ele não estava interessado em nada disso.

Obs 3: Guitarristas, escutem outros instrumentistas. A música não se resume ao próprio instrumento.

Obs 4: Não existe essa de estudar cinema e não saber quem foi Akira Kurosawa ou Sergio Leone, ainda que você só queira saber do Tarantino e Lars Von Trier. Tem que ter o mínimo de noção das coisas, nem que seja para contrapor.

Obs 5: Acabei meu desabafo. Desculpem o assunto desinteressante. 

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