quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

TEM QUE OUVIR: Sly And The Family Stone - Stand! (1969)

Por mais livre de preconceitos raciais, sexuais e sociais que pareça ter sido a década de 1960 no auge do movimento hippie, engana-se quem cai no slogan de "paz & amor". Não por acaso Martin Luther King foi assassinado. Por esse motivo, foi um espanto quando um grupo formado por sete integrantes de diferentes raças e sexo se reuniram para compor a gangue sonora liderada pelo multi-instrumentista/compositor/arranjador/produtor Sly Stone. Ao combo multirracial deu-se o nome de Sly And The Family Stone. Stand!, lançado em 1969, transborda toda a efervescência cultural da época. 


Se em sua estrutura física a banda já impressiona, quando a agulha encosta no vinil o som parece saltar dos falantes. A fusão de rock psicodélico com funk chama atenção devido o peso da produção, arranjos majestosos de vozes e metais, além do groove sacolejante das canções - a cozinha formada por Larry Graham (baixo) e Greg Errico (bateria) é fundamental para isso -, a começar pela beleza pop melódica da faixa que nomeia a obra, "Stand!".

A guitarra temperada com wah-wah dita o clima tenso da letra racial de "Don't Call Me Nigger, Whitey". Já as swingadas "Sing A Simple Sons" e "You Can Make It If You Try" são guiadas pelo baixo sacolejante do lendário Larry Graham, o pai do slap.

A rockeira "I Want To Take You Higher" fez doidões pularem de alegria no festival de Woodstock (atenção para a versatilidade vocal do grupo), enquanto a divertidamente politiza "Everyday People" fez a população geral dançar, visto que foi um hit digno do primeiro lugar no final da década de 1960. Seu arranjo é pop, doce e alegre.

Fechando o disco temos a lisérgica "Sex Machine", com mais de 13 minutos de gaita bluseira, guitarras borbulhantes e linha de baixo delirante. Tudo devidamente regido por Sly Stone.

É impossível pensar no que fez posteriormente artistas como Miles Davis, Herbie Hancock, Prince, Jackson 5, Red Hot Chili Peppers, Outkast, Banda Black Rio, dentre outros, caso esse disco não tivesse sido lançado. Emblemático.

Nenhum comentário:

Postar um comentário