domingo, 13 de outubro de 2013

TEM QUE OUVIR: A Cor do Som - Ao Vivo Em Montreux (1978)

A música brasileira sempre chamou atenção dos gringos, algumas vezes até mais do que dos próprios brasileiros. Basta lembrarmos o sucesso/respeito conquistado fora do país por nomes que vão do Tom Jobim ao Sepultura. Lançado em 1978, o disco ao vivo da Cor do Som representa um rico momento da música brasileira internacionalmente.


Contemporâneo de obras como Heavy Weather (1977), clássico do jazz rock lançado pelo Weather Report, Ao Vivo em Montreux (1978) da Cor do Som é o registro da primeira participação de um grupo brasileiro no lendário festival suíço, que anos depois receberia nomes como Pepeu Gomes, Elis Regina e Paralamas do Sucesso. Misturando rock, choro, música brasileira e jazz, A Cor do Som representa o que há de mais interessante na música instrumental brasileira e, porque não dizer, no fusion mundial.

O disco não vendeu nada, sendo que o grupo só tornou-se rentável após o lançamento do álbum Frutificar (1979), muito mais pop, embora ainda interessante. Nesta época a banda ainda se dividia entre canções autorais e prestação de serviço como músicos de apoio do Moraes Moreira.

Encabeçado pelo virtuoso /guitarrista Armandinho, o grupo nomeado pelo Caetano Veloso tinha também na sua formação o espetacular baixista Dadi Carvalho (Novos Baianos, Jorge Ben e o próprio Caetano). Mu Carvalho, hoje compositor e produtor musical da Rede Globo, é quem comandava os teclados. Com um time desse nível, bastou juntar um punhado de boas composições e se garantir na execução. E foi exatamente isso que eles fizeram.

"Dança Saci" e "Chegando da Terra" abrem o disco comprovando que o Mu Carvalho não devia em nada para os músicos gringos. A longa "Arpoador" é encantadora pelo seu balanço brasileiro e virtuosismo fora do comum. Armandinho destrói sua peculiar guitarra baiana em companhia do também excelente Aroldo, criando contrapontos incríveis e esbanjando técnica que deixaria até mesmo Al Di Meola e Eddie Van Halen impressionados, sempre com influência da música brasileira, como no choro "Espírito Infantil" e no frevo "Festa na Rua".

Para fechar o repertório, duas versões esplêndidas que dizem muito sobre o conceito da banda: "Brejeiro" do Ernesto Nazareth e "Eleanor Rigby" dos Beatles. A música brasileira poucas vezes soou tão impressionante.

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