quarta-feira, 28 de agosto de 2013

TEM QUE OUVIR: The Jimi Hendrix Experience - Electric Ladyland (1968)

Jimi Hendrix teve uma das carreiras mais produtivas da história da música. Embora extremamente curta, ele não perdeu tempo e registrou álbuns inacreditáveis, que evidenciam um artista em plena evolução. O terceiro e último álbum gravado com o seu trio Experience, o impecável Electric Ladyland (1968), é a demonstração máxima de uma mente genial no auge de sua criatividade.

Embalado numa linda capa que trazia mulheres nuas perfeitamente posicionadas, a foto foi ridiculamente censurada e trocada por uma imagem que retrata a entrega espiritual do Hendrix. É justamente essa capa que ficou mais conhecida no Brasil.



Muito mais diversificado e maduro quando se comparado aos trabalhos anteriores, Hendrix demonstrou vasta versatilidade enquanto instrumentista, cantor, compositor e produtor. Enquanto "Have You Ever Been (To Electric Ladyland)" é calcada na soul music e "Come On (Let The Good Times Roll)" no blues-rock, "Crosstown Traffic" é um dos grandes momentos do rock psicodélico (baita groove, peso e carisma).

Noel Redding, o músico menos aclamado do trio, demonstra todo seu poder de fogo em "Little Miss Strange", faixa de sua autoria em que ele voa pelo baixo, canta com personalidade e ainda faz guitarra base para Hendrix debulhar em mais um espetacular solo.

É neste disco que está a genial versão para "All Along The Watchtower" do Bob Dylan, que tratou de considera-la a interpretação definitiva. Não por acaso, visto qué é uma passagem de guitarra melhor que a outra. Fora que é o tipico exemplo em que o estúdio vira instrumento nas mãos do criador. Inclusive, aqui vale mencionar a importante colaboração do lendário engenheiro de som, Eddie Kramer.

É impossível também passar despercebido diante do groove de "Gypsy Eyes" e do experimentalismo  lisérgico de "Burning Of The Midnight Lamb", "Rainy Day, Dream Away" e, principalmente, "1983... (A Merman I Should Turn To Be)", onde sua eloquência criativa beira o absurdo.

A emblemática "Voodoo Chile" aparece em duas versões. Uma delas é a conhecida performance de estúdio, com seu clássico riff temperado com wah-wah. A outra é uma explosiva interpretação ao vivo com mais de 15 minutos, onde Hendrix esbanja seu enorme nível técnico e melódico enquanto improvisador. O lendário baterista Mitch Mitchell acompanha tudo com viradas inacreditáveis. No baixo está o cultuado Jack Casady (Jefferson Airplane). Já Steve Winwood (pois é, ele mesmo!) passeia pelo seu órgão endiabrado. Performance genial que justifica a fama de todos os envolvidos.

Extremamente inventivo e completamente adaptado a novas técnicas de gravação, Hendrix explorou seu talento sem moderação. Electric Ladyland é uma das grandes obras de um dos mais inquietos artistas de todos os tempos.

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