sábado, 15 de junho de 2013

Músicas de protesto

Em meio a diversas manifestações legitimas ocorrendo nos últimos dias (vide Turquia, Espanha, França e mais aproximadamente aqui em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro) decidi fazer uma pequena playlist de músicas de protesto (ou música de intervenção), algo alias aparentemente extinto.

A causa, época e local são diversos. O que as une é a inquietação e a atitude. Sem mais delongas, vamos a elas. 

Obs: não gosto das músicas do Geraldo Vandré e do Gonzaguinha.

Bob Dylan - Blowin' In The Wind
Clássico! A poesia de um ainda jovem Bob Dylan a serviço da luta dos direitos civis. Impressionante sua maturidade lirica.

Billie Holiday - Strange Fruit
A exuberante "Strange Fruit" (a mesma escrita pelo professor judeu Abel Meeropol e interpretada de forma igualmente majestosa pela Nina Simone), ganha ainda mais força com Lady Day. Em poderosa sua voz encontram-se todos os negros linchados e expostos nas árvores (daí as "estranhas frutas") do estado de Indiana.

Jimi Hendrix - The Star Spangled Banner
Nenhum outro solo de guitarra foi tão comunicativo quanto esse. Em pleno festival de Woodstock, no auge do movimento hippie, distorção, microfonias, wah-wah e alavancadas cacofônicas numa versão emblemática do hino norte-americano, executado entre intervenções ruidosas que simulam os mísseis da Guerra do Vietnã.

Creedence Clearwater Revival - Fortunate Son
Uma das minhas canções prediletas desse grupo sensacional encabeçado pelo John Fogerty. Ataque direto aos privilégios dos filhos da elite que não eram enviados para lutar na Guerra do Vietnã (mais uma vez ela).

Genesis - Dancing With The Moonlit Knight
Enquanto muitos associavam o rock progressivo a algo pomposo e inofensivo, o Genesis fazia criticas ferrenhas a monarquia britânica e seus aristocratas.

Frank Zappa - I'm The Slime
O maior critico da América. Atirou contra o movimento hippie, as instituições de educação, as religiões, o estado, a mídia, a indústria da música, a censura e também contra a própria população. Sarcástico, bem humorado e feroz.

Bob Marley - Get Up Stand Up
Uma simples palavra de ordem. Impossível ser mais explicito que isso.

The Clash - London Calling
The Clash chamando literalmente as pessoas para as ruas londrinas durante a crise de desemprego na época da Margaret Thatcher. A canção apresenta os primeiros sinais sonoros da evolução do punk rock. Esse amadurecimento musical se deu junto ao amadurecimento das letras, antes limitadas as criticas superficiais a rainha (vide Sex Pistols) ou cheirar cola (vide Ramones).

Dead Kennedys - California Über Alles
Um coice na cara do ex-governador da Califórnia, Jerry Brown. Daqui pra frente o punk rock evoluiu pro hardcore e desencadeou em diversas bandas contestadoras.

Bruce Springsteen - Born In The USA
Um operário. Um homem do povo. Bruce Springsteen mija na bandeira dos EUA (vide a capa original) e manda seu recado. Ao contrário do que muitos pensam, não é uma faixa nacionalista.

Grandmaster Flash - The Message
O começo do que diversos grupos viriam a fazer futuramente com primor (vide o excelente Public Enemy). Ou seja, eis o início do rap enquanto música de protesto. Finalmente os negros marginalizados do gueto nova-iorquino ganharam voz.

Rage Against The Machine - Testify
Dois dos estilos musicais mais contestadores (rock e rap) se fundem neste bombardeiro de ideais esquerdistas. Engajamento com conhecimento politico.

Manic Street Preaches - Motown Junk
Porque até mesmo o britpop teve seu representante revolucionário.

System Of A Down - BYOB
Uma porrada sonora (de alcance pop) feita durante a invasão americana ao Iraque.

Nara Leão (Zé Ketti) - Opinião
Após uma violenta de "limpeza social" que se deu nos morros, o sambista Zé Ketti compôs essa boa canção que, anos mais tarde, na voz da Nara, virou um hino de resistência a ditadura. Curiosamente, diz a lenda que, depois do lançamento da faixa, ele entrou em contradição ao fazer justamente o que negava na letra. Qualquer julgamento moral não cabe a mim.

Caetano Veloso - É Proibido Proibir
No auge da truculenta ditadura militar brasileira, Caetano Veloso fez a música que contribuiu diretamente para seu exílio. O mais interessante é que nem os estudantes de esquerda, nem a elite conservadora, apoiou o artista na época.

Chico Buarque - Cálice
Dentre tantas composições emblemáticas do Chico, essa parceria com o Milton Nascimento é a que mais emociona, não só pela sua letra, mas também pelo seu belo arranjo. Méritos do Magro do MPB-4.

Cólera - Caos Mental Geral
O punk rock brazuca também foi explosivo, principalmente por pegar o final do Regime Militar. Encabeçado pelo grande Redson, o Cólera foi o grupo que se saiu melhor nas letras.

Plebe Rude - Até Quando Esperar
Um hino politizado direito do rock de Brasilia, só que muito bem escrito e tocado, ao contrário das chatissimas canções do Capital Inicial (e até mesmo da Legião Urbana).

Titãs - Policia
O hino eterno contra a Policia Militar, o resquício obsoleto e violento da ditadura militar brasileira.

Planet Hemp - A Culpa é de Quem?
Lembrados apenas pela (também importante) luta a favor da legalização da maconha, o Planet Hemp tratou de diversos temas, vide a ótima "A Culpa é de Quem?".

Racionais MC's - Fim De Semana No Parque
A vida do gueto brasileiro representado nas letras deste seminal grupo. São tantas boas faixas para escolher...

Mundo Livre S/A - Muito Obrigado
Porque a censura musical, a OMB e o jabá das rádios também merecem protesto musical.
Obs: não encontrei no YouTube.

The Who - Won't Get Fooled Again
Para finalizar, um clássico do rock inglês, mas que serve muito para contextualizar os momentos atuais do Brasil. Mais uma grande letra do Pete Townshend. Clássico!

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