domingo, 16 de junho de 2013

TEM QUE OUVIR: Tom Waits - Swordfishtrombones (1983)

Existem dois Tom Waits. O primeiro é um cantor bêbado de soul/pop/blues/jazz, pianista e cria da poesia beatnik. O segundo é o mesmo cantor bêbado, só que agora de uma vertente musical difícil de classificar, mas explicitamente peculiar. Embora ambos sejam relevantes e cultuados, é justamente a segunda fase do Tom Waits que carimbou seu nome no cenário musical. Swordfishtrombones (1983) foi o álbum que deu a luz a esse que é um dos mais interessantes artistas da música popular.


Sua espantosa voz grave, rouca e ríspida surge logo na primeira faixa, a curta "Underground", um cruzamento perfeito entre música de saloon e Captain Beefheart.

Como se estivesse interpretando um conto de terror, Tom Waits narra a medonha letra de "Shore Leave", com direito a berros típicos de um felino embriagado, enquanto o instrumental ruidoso trata de criar o clima tenso. Essa riqueza de imagens proporcionada através dos arranjos e da interpretação, o levou a trabalhar em trilhas sonoras para filmes do diretor Francis Coppola. 

Assim como, em tese, o disco parece repetitivo em sua estranheza, na prática ele soa bastante cativante. Dentre as faixas que se destacam estão "16 Shells From A Thirty-Ought-Six"(um rock n' roll de arranjo pitoresco), "Town With No Cheer" (uma balada arrastada), "In The Neighborhood" (um hino religioso de alcoólatras bebedores de rum) e "Soldier's Things" (um dramático jazz ao piano).

Swordfishtrombones direcionou a peculiar carreira do Tom Waits, carreira essa difícil de ser compreendida e rotulada, mas de grande valor artístico.

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