sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Trilha sonora para a cidade de São Paulo

Hoje, 25 de janeiro, a cidade de São Paulo comemora seu aniversário. De importância imensurável para a economia e cultura do país, decidi homenageá-la com algumas músicas que justificam sua cinzenta beleza. 

Vale perceber como as composições não somente celebram a cidade como um recanto agradável. São canções de caos, conflito e experimentação em suas formas. É a cara de São Paulo.

Tom Zé - São, São Paulo
"São oito milhões de habitantes, de todo canto em ação, que se agridem cortesmente, morrendo a todo vapor. E amando com todo ódio, se odeiam com todo amor". Precisa dizer mais alguma coisa?

Tom Zé - A Briga do Edifício Itália Com o Hilton Hotel
Uma canção tão divertida que não quis deixar de fora. Samba tão torto quanto simpático, que trata da especulação imobiliária e da invasão de empreendimentos sem personalidade.

Geraldo Filme - Tradição
Uma bonita homenagem ao samba do Bixiga, da Vai-Vai. A versão da Beth Carvalho é uma pérola.

Paulo Vanzolini - Praça Clovis
"Na Praça Clovis minha carteira foi batida". Um começo ultra paulistano. Grande representante do samba de São Paulo. Também regravada pela Beth.

Marcia - Ronda
A melancolia da finada boêmia paulistana é brilhantemente retratada nesse lindo bolero/samba canção, também de autoria do Paulo Vanzolini.

Made In Brazil - Rock de São Paulo
Autêntico representante do rock paulistano da Pompéia, bairro de onde saiu também as bandas Mutantes e Tutti-Frutti. Vale lembrar ainda a "Paulicéia Desvairada". 

Os Mutantes - Rua Augusta
Clássico do Ronnie Cord ainda mais representativo na voz dos Mutantes. Sensacional.

Rita Lee - Lá Vou Eu
Tudo bem, a Rita poderia estar resumida apenas pelos Mutantes, mas ela é tão a cara de São Paulo que vale mais, até porque essa música gravada ao lado do Tutti-Frutti é espetacular.

Caetano Veloso - Sampa
Carne de vaca, mas tem que citar. Perfeito retrato do espanto de alguém de fora quando chega em São Paulo. Há tanto o sentimento de admiração quanto o de incompreensão. Uma das melhores letras de Caetano, interpretada também pelo baiano de musicalidade carioca, João Gilberto. Todos amam São Paulo.

Cesar Camargo Mariano - Fábrica
Na verdade, aqui vale mencionar o álbum São Paulo - Brasil (1977) inteiro. É uma maravilha da fusão do jazz com rock, funk e um certo calor/balanço brasileiro. Mas de alguma forma, o instrumental simulando o som das fábricas desta faixa é o mais representativo desta metrópole cinza.

Premê (Premeditando o Breque) - São Paulo, São Paulo
Se Frank Sinatra pode fazer "New York, New York", a nossa tão talentosa Vanguarda Paulista retruca com "São Paulo, São Paulo", faixa de humor sagaz. Clássico.

Arrigo Barnabé - Office-Boy
Falando em Vanguarda Paulista, vale mencionar esse arranjo em forma de cenário que simula o caos do trânsito paulistano. Um espetáculo de um dos momentos mais efervescentes da música brasileira.

Itamar Assumpção - Venha Até São Paulo
Um convite ao turismo não só a capital, mas a todo o estado de São Paulo. O jingle tá pronto, só falta por a campanha em prática. Tem a participação da Rita Lee (olha ela novamente aí!).

Joelho de Porco - São Paulo By The Day
Nem tudo é festa, mas tudo pode virar festa dependendo do ponto de vista, até os trombadinhas do centro. Não entendeu? Então escute a espetacular música. Não deixe também de ouvir a igualmente maravilhosa "Aeroporto de Congonhas".

Guilherme Arantes - Coração Paulista
Antes da explosão do rock solar carioca, o Guilherme Arantes era a grande força da música jovem popular rockeira brasileira, sendo essa música especial, com o cheiro urbano que tão bem representa São Paulo e o rock.

Ultraje À Rigor - Nós Vamos Invadir Sua Praia
O BRock, tão carioca, sofre um arrastão vindo de São Paulo, vide esse hit do período. 

Ira! - Pobre Paulista
Clássico da maior banda do underground paulistano oitentista (que de tão grande, em muitos momentos transitou pela mainstream). Uma letra problemática, que de certa forma retrata a tensão de uma época. Não por acaso a banda aposentou a música.

Mercenárias - Polícia
Falando na cena alternativa oitentista paulistana, impossível pensar neste som vindo de outro lugar do Brasil. É urbano, caótico, crítico e urgente.

Inocentes - Pânico Em SP
O verdadeiro punk rock brasileiro não é de Brasília, mas de São Paulo, cidade de trem sujo, fábricas e céu cinza. Os Inocentes sabem muito bem disso.

365 - São Paulo
Confesso que conheci essa música pela versão do Inocentes, mas gosto mais da original, a começar pela ótima linha de baixo.

Cólera - São Paulo
É, a influência da cidade nitidamente serviu de inspiração para o punk rock brasileiro. Aqui a cidade parece menos agradável, inclusive ao denunciar sua polícia altamente repressiva (e onde não é?). 

Thaide & Dj Hum - Sr. Tempo Bom 
Esse clássico do rap nacional sempre soou para mim como um retrato feliz da periferia e do povo preto de São Paulo na década de 1970.

Racionais MC's - Pânico da Zona Sul
Os Racionais representam a realidade nem sempre encantadora da grande metrópole. Espetacular.

Sabotage - Na Zona Sul
Mais uma vez a Zona Sul dá as caras neste clássico do rap nacional. Sabotage é a cara de São Paulo.

DJ Marky - Misto Quente
Saiu na noite paulistana na virada do milênio? Pois então, não tinha esse som? 

Emicida - Rua Augusta
Mais um hino sobre a rua mais democraticamente badalada de São Paulo.

Criolo - Não Existe Amor Em SP

O último grande clássico do rap nacional (pra não dizer da música brasileira como um todo). Letra, arranjo, timbres e interpretação, tudo soa perfeitamente bem encaixado nesta linda composição.

Rodrigo Ogi - Profissão Perigo
Sendo o talentoso letrista que é, Rodrigo Ogi é mais um daqueles que perfeitamente dá voz aos motoboys da cidade de São Paulo. Dá pra visualizar ele transitando pela cidade na música.

Rodrigo Campos - Amor Na Vila Sônia
Uma São Paulo longe das câmeras. Groove irresistível. A maestria da música brasileira (paulistana) contemporânea.

*Kiko Dinucci - Terra de Um Beijo Só
Tudo aqui transborda São Paulo: A capa do disco (a repressão policial com o artista de rua), o ruído dos timbres, as dissonâncias em meio a beleza composicional, mas, principalmente, a letra sucinta, poética e direto ao ponto.
*Voltei nessa postagem pra inserir essa faixa.

Adoniran Barbosa e Demônios da Garoa - Trem das Onze
Deixei o grande clássico para o final. Nada mais paulistano. Décadas de cultura proletária imigrante numa única canção. Simplesmente genial.

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