sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

TEM QUE OUVIR: Air - Moon Safari (1998)

Se tem um país que pode ser considerado a vanguarda da música eletrônica é a França. De Edgard Varèse, passando por Iánis Xenákis, Pierre Schaeffer, Pierre Henry e Pierre Boulez, os franceses sempre estiveram um passo a frente tanto na composição, quanto no desenvolvimento de timbres. Somando isso a uma sensibilidade pop, herdada até mesmo do Serge Gainsbourg, temos o duo Air, formado por Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel, que lançou em 1998 o espetacular Moon Safari.


"La Femme D'argent" abre o disco deixando explicito o interesse da dupla por sonoridades vintage. A linha de baixo ultra melódica e de timbre opaco característico dos baixos höfner, lembra muito o estilo do Paul McCartney. 

Alias, é preciso lembrar que as cordas do disco foram registradas no Abbey Road, com supervisão do David Whitaker, que já havia trabalhado com o já citado Serge Gainsbourg, dando ao álbum uma consistência ainda mais uniforme, como pode ser percebido nas lindas "You Make It Easy" e "Ce Matin Là". Já a participação de Beth Hirsch na faixa "All I Need" trás um tempero de trip hop para o trabalho.

A libidinosa "Sexy Boy" tem o peso dos amplificadores valvulados e dos sintetizadores analógicos, vide o uso de modelos antigos de Moog e Korg. Pianos elétricos aparecem no pop dançante "Kelly Watch The Stars" e na introspectiva "Talisman". 

O uso de vocoders em "Remember" remete aos timbres robóticos do Kraftwerk. É interessante lembrar que a faixa tem participação do veterano Jean-Jaques Perrey. Outra faixa que faz uso de vocoders é "New Star In The Sky (Chanson Pour Solal)", canção que poderia muito bem estar no Ok Computer do Radiohead. O experimentalismo do grupo chega ao auge na estranha "La Voyage De Penelope".

O Air conseguiu com esse disco amadurecer a tradição da música eletrônica francesa, deixando acessível para o público independente da faixa etária.

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