O primeiro e único disco do Quarteto Novo é um marco na música instrumental brasileira. O grupo formado por lendários instrumentistas tem como fonte de inspiração não o jazz americano, mas a música regional nordestina, só que com uma sofisticação jamais vista antes.
Formado inicialmente para acompanhar o cantor Geraldo Vandré, o grupo reunia Theo de Barros, Airto Moreira, Heraldo do Monte e posteriormente Hermeto Pascoal. Com essa formação gravaram este disco e acompanharam outros artistas, como Edu Lobo. "Ponteio" representa essa fase como banda de apoio.
Mas é "O Ovo" que abre o disco. Na faixa Hermeto Pascoal da uma aula como flautista, tanto no tema quanto no improviso, sempre ressaltando a linguagem e o fraseado brasileiro. A composição tornou-se uma das mais emblemáticas de seu repertório.
O trabalho como arranjador do Theo de Barros é muito perceptível nas espetaculares "Fica Mal Com Deus" e "Vim de Santana", sendo que nesta ultima está um dos melhores solos do genial guitarrista Heraldo do Monte.
Em "Canto Geral", há doses de baião misturadas com uma sofisticação exuberante, soando até mesmo atmosférica. Já em "Algodão", o que embala mesmo é o som da viola de Heraldo do Monte, que deságua numa bela harmonia de piano com abordagem quase erudita.
Após a delicada "Canta Maria", Theo de Barros apresenta ótima linha de baixo em "Síntese". O lendário baterista/percussionista Airto Moreira, que mais tarde tocou Miles Davis, mostra-se ousado em todo o disco, com destaque para "Misturada".
Esse trabalho é um dos grandes documentos da genuína música instrumental brasileira. Ele tem vestígios de musica regional nordestina - forró, repente, banda de pífano -, samba, choro e doses do talento individual, proporcionado por músicos trilharam caminhos importantes posteriormente.
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