terça-feira, 20 de novembro de 2012

TEM QUE OUVIR: Lou Reed - Transformer (1972)

Em 1972, Lou Reed já havia deixado o Velvet Underground, fracassado comercialmente com um trabalho solo e estava completamente viciado em heroína. Foi então que seu amigo/fã David Bowie decidiu ajuda-lo na produção de um novo disco, chegando até a ceder seu guitarrista, o subestimado Mick Ronson, para a gravação do álbum. O resultado foi Transformer, clássico do Lou Reed e tributo declarado ao lado mais sujo de Nova York.


A rockeira "Vicious" abre o disco com atuação memorável do Mick Ronson, que extraí timbres cortantes da guitarra. Na letra, Lou Reed aparece frágil e consciente com o fato de ser um viciado.

Falando em letras, vale lembrar que os textos são de extrema importância na obra de Lou Reed, vide as espetaculares "Andy's Chest", "New York Telephone Conversation" (com aquele clima circense/vaudeville) e "Goodnight Ladies" (onde Lou Reed encarna um crooner). Seu estilo de escrever é denso e minuciosamente descritivos, mas também fluido e espontâneo.

A clássica "Walk On The Wild Side" relembra os tempos em que Lou Reed era parceiro do multifacetado Andy Warhol e, consequentemente, de seus amigos travestis e drogados. A canção faz referência a sexo oral, algo transgressor pra época. Isso ocorre em cima de uma delirante linha de baixo fretless. Para surpresa de todos, a faixa foi um enorme sucesso.

A influência de glam rock, diretamente associada a presença do Bowie, aparece não somente em sua pose andrógina na capa do álbum (foto de autoria do Mick Rock), mas também nas ótimas "Hangin' Round", "Wagon Wheel" e "I'm So Free", essa última com mais um brilhante desempenho do Mick Ronson.

O instrumental arrojado de "Make Up" é tão intenso quanto as próprias letras de Lou, com direito a um ótimo trabalho de baixo e tuba feito pelo Herbie Flowers. Já "Satellite Of Love", se não tem a mesma ousadia, ao menos tem boa melodia e fez bastante sucesso, rendendo ótima vendagem ao disco.

Mas nada disso se equipara a genial "Perfect Day", uma das mais belas canções da história. Sua letra é completamente desiludida, enquanto o instrumental soa maravilhosamente equilibrado com seu exuberante arranjo de cordas e piano. Vale lembrar que a música foi brilhantemente usada no filme Trainspotting (1996). 

Eis um dos melhores e mais bonitos discos do rock, arquitetado por um ousado ser chamado Lou Reed.

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