O álbum foi o primeiro a ser lançado pela Death Row, gravadora fundada pelo próprio Dre. Todavia, o disco só saiu após uma parceria com uma então recente Interscope, do Jimmy Lovine. Anos depois, ambos fundariam a bilionária Beats Electronics, empresa especializada em headphones.
Ao ouvir o The Chronic é preciso entender e, ao mesmo tempo, se abster das letras. Afinal, o festival de mensagens de caráter duvidoso - envolvendo a violência entre gangues, a enaltação de si mesmo e ofensas machistas -, não deve ser levada tão a sério, ainda mais por quem não viveu o mesmo contexto. Melhor que se apegar ao moralismo textual, é se atentar ao flow sagaz dos MC's.
Musicalmente, o disco é uma aula de bom gosto na utilização de samples. Em "Fuck Wit Dre Day" (um diss endereçado ao Eazy-E) tem Funkadelic (moog característico); "Let Me Ride" tem James Brown (espetacular linha de baixo); "Stranded On Death Row" tem Isaac Hayves; e até mesmo o Led Zeppelin aparece em "Lyrical Dandband" (beat profundo), sendo que essa contém várias participações (The D.O.C., Kurupt e o próprio Snoop Dogg) o que dá uma vasta dinâmica interpretativa.
O álbum é também, quando se comparado a outros trabalhos contemporâneos, muito mais melódico, funky, ensolarado e com forte influência de r&b - ainda que não abra mão dos beats vigorosos -, o que definitivamente ajudou no sucesso comercial, além de melhor retratar o clima californiano presente na produção. É o mais puro west coast hip hop. Ganchos melódicos como o do sintetizador da sacana "Nuthin' But A "G" Thang" (com direito a ótimo flow do Snoop) ajudam a criar tal atmosfera.
Kl Jay (DJ/produtor dos Racionais MC's) disse que "Dr. Dre está para o rap assim como Quincy Jones está para o funk". Ao escutar The Chronic percebemos que a analogia é justíssima.
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