Ao propor a fusão de estilos, corre-se o risco de soar presunçoso. Não é o caso do Steely Dan e seu clássico Aja (1977). Esse brilhante disco funde naturalmente jazz com o rock, pop e soul em arranjos primorosos - no auge da simplicidade do punk rock -, feitos pelos brilhantes Walter Becker e Donald Fagen.
Além da genial dupla da linha de frente Steely Dan, o disco reúne um time de músicos de qualidade poucas vezes vista na história da música. Por exemplo, logo na faixa de abertura, a ótima "Black Cow", temos o baixo pulsante e swingado de Chuck Rainey, dando um balanço inteligente para a canção.
Já na música "Aja", a aula é de autoria do lendário baterista Steve Gadd, principalmente durante o solo do icônico saxofonista Wayne Shorter, onde ambos preenchem o espaço com frases de tirar o fôlego. Tudo isso em cima de uma harmonia bastante complexa, característica típica do Steely Dan. Sua filosófica/poética letra também merece atenção, assim como os timbres extraídos por Victor Feldman de seu Fender Rhodes, ainda hoje referência para diversos músicos, vide o brasileiro Ed Motta.
O excepcional guitarrista Lee Ritenour pode ser ouvido na bela "Deacon Blues". Já o mestre Larry Carlton, que criou uma escola de guitarra devido suas primorosas gravações com o Steely Dan, pode ser escutado na impecável "Home At Last", com direito a um groove inacreditável do genial baterista Bernard Purdie.
"I Got The News" e "Josie" mantém o disco em nível estratosférico, sendo que essa última é igualmente rockeira, funkeada e harmonicamente rica, ainda que perfeitamente acessível e radiofônica, sem soar maçante.
Entretanto, a música de maior sucesso do disco é a funkeada "Peg" - mais tarde sampleada pelo De La Soul (escute a faixa "Eye Know") - e rendeu ao álbum vendagem suficiente para entrar no top 5 dos EUA..
A qualidade das composições, dos músicos presentes no disco e a produção acertadamente perfeccionista, fez de Aja um clássico do bom gosto.
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