quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Centenário do John Cage

Há exatos 100 anos nascia John Cage, um dos mais importantes compositores do século XX. Conhecido muito mais teoricamente do que propriamente pela sua música, Cage foi um dos músicos de vanguarda que ajudaram a quebrar formulas pré estabelecidas dentro da música.


Dentre os assuntos explorados por John Cage está o silencio, ou melhor, a ausência dele. A primeira experiência de negação do silencio ocorreu quando Cage visitou em Harvard uma câmara anecoica, que consiste em uma sala isolada de ruídos externos e projetada para conter reflexões de ondas sonoras e eletromagnéticas (basicamente uma sala com ausência absoluta de som). Ele descreveu que na sala ouviu dois sons, um alto e um baixo. Segundo ele "o som alto era do meu sistema nervoso e o baixo meu sangue em circulação". Começava ai a ideia para sua famosa composição "4'33" (1952), peça de três movimentos em que na partitura não contém uma nota sequer, mas que ao contrario do que muitos pensam, não consiste em 4 minutos e 33 segundo de silencio absoluto, mas sim de sons ambientes produzidos (uma tosse, um carro que passa na rua, a respiração... tanto faz) e percebidos pelo ouvinte.

Outro método de composição explorado por John Cage é o de música aleatória, que consiste em deixar ao acaso elementos da composição. Dentre os trabalhos mais estranhos explorando essa técnica está a "Imaginary Landscape No. 4" (1951), escrita não para piano, violino ou violoncelo, mas sim para 12 rádios, com instruções precisas de como os músicos deveriam controlar os aparelhos pelo volume e frequência, mas obviamente sem poder interferir na programação das rádios no exato momento da execução da obra.

Uma das técnicas mais legais difundidas pelo John Cage é a do piano preparado, que consiste em um simples piano modificado em sua sonoridade original por objetos milimetricamente colocados em sua caixa de ressonância, interferindo na vibração das cordas. Artistas conhecidos como Hermeto Pascoal, Chick Corea, Sonic Youth (neste caso, nas guitarras) e até mesmo a Pitty já utilizaram a técnica.

John Cage é também considerado um dos pilares da música eletroacústica. Ao explorar o ruído, John Cage consolidou a escola francesa da música concreta e a escola alemã da música eletrônica. Assista Cage transformando o ruído em música em uma apresentação emblemática e ainda hoje bizarra.

A maior herança deixada por John Cage foi a da ousadia. Seu trabalho ainda continuará por muitos anos embasbacando as pessoas. Dito isso, vou deixar aqui a recomendação de um ótimo disco para quem quer adentrar o seu trabalho: In A Landscape: Piano Music of John Cage (1994) do Stephen Drury. É uma maravilha!

Nenhum comentário:

Postar um comentário