quarta-feira, 14 de março de 2012

TEM QUE OUVIR: Deep Purple - Machine Head (1972)

Independente de minhas predileções musicais em determinado período da minha vida, sempre que vou elencar meus discos prediletos, o clássico Machine Head (1972) do Deep Purple está lá encabeçando a lista. Assim sendo, é impossível comentar sobre o álbum do Deep Purple de forma imparcial, mas garanto que qualquer elogio aqui exposto não será meramente pessoal, mas sim um retrato de uma das obras fundamentais do rock.


Além das ótimas composições, uma das grandes qualidades do álbum é a produção da própria banda em parceria com o Martin Birch, que anos depois produziu discos do Iron Maiden. A sonoridade é tão limpa quanto pesada.

A gravação do álbum ocorreu em um hotel suíço com o equipamento móvel alugado dos Rolling Stones. Isso foi necessário após o cassino em que a banda iria gravar o disco pegou fogo durante um show do Frank Zappa. Os fatos são narrados na clássica "Smoke On The Water", dona do riff de guitarra mais emblemático da história. Simples e certeiro. Uma espécie de "5ª sinfonia do hard rock".

Mas é "Highway Star" que abre o disco, música em que Ian Gillan demonstra sua potência vocal numa letra que faz paralelo entre carros e mulheres. Os intensos solos de Jon Lord (teclados) e Ritchie Blackmore (guitarra), ambos influenciados pela música clássica de compositores como Mozart, foram cruciais no desenvolvimento do heavy metal.

As faixas que tiveram menos destaque do disco são "Maybe I'm A Leo" - com um groove contagiante do subestimado baterista Ian Paice - e, curiosamente, aquela que era o single do álbum, a ótima "Never Before". É interessante notar nesta música diferentes influências vindas do funk, blues e até mesmo de melodias vocais típicas dos Beatles.

De todas as canções, "Pictures Of Home" é minha predileta. O peso do Hammond - ligado em amplificadores Marshall -, o baixo preciso/encorpado do Roger Glover, as levadas improvisadas do Ian Paice, o solo inspirado do Blackmore e um final falso estranhíssimo, fazem dela uma das grandes faixas já gravada pelo quinteto.

A bluseira "Lazy" contém mais um esplêndido solo de Blackmore. É interessante notar que o timbre de sua guitarra é bastante limpo, sendo os teclados de Jon Lord responsáveis por criar toda a massa sonora explosiva da banda. Outro ótimo solo presente na faixa é o de gaita, executado por Ian Gillan.

"Space Truckin" fecha o disco com mais um grande riff e levadas acachapantes do grande Ian Paice. Um trabalho de sonoridade orgânica, gravado ao vivo em estúdio - o que contempla a interação dos instrumentistas -, com interpretações viscerais e composições inspiradas. Mais parece uma coletânea de classic rock. Definitivamente uma das grandes obras do hard rock setentista.

Um comentário:

  1. Machine Head não teria graça nenhuma sem a faixa "When a Blind Man Cries"...

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