quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

TEM QUE OUVIR: Marvin Gaye - What's Going On (1971)

Tido por muitos como o melhor disco de todos os tempos, What's Going On (1971) é mais que uma seleção de canções de um grande artista, é na verdade a libertação de um compositor espetacular que passava momentos de dificuldades, tanto relacionado as drogas, quanto principalmente devido a morte inesperada de sua parceira musical, Tammi Tarrel. Eis a obra-prima de Marvin Gaye.


Mesmo com grande resistência da Motown, que não via no álbum apelo comercial, o disco foi lançado após o sucesso do single "What's Going On", faixa essa que abre o disco homônimo. A letra evidencia o lado politizado do artista, se opondo a Guerra do Vietnã em cima de um instrumental quase jazzistico. Lindíssimo.

Em "What's Happening Brother" esse engajamento político continua evidente na letra, mas é a genial linha de baixo do lendário James Jamerson o que salta aos ouvidos, assim como o arranjo cinematográfico das cordas e vozes.

Faixas como "Save The Children" - com mais uma letra espetacular e bateria jazzística -, "God In Love" e "Mercy Mercy Me (The Ecology)" - que mostra a preocupação do artista com assuntos ambientais -, são interligadas de maneira esplendida, dando um ar conceitual ao disco. É a trilha sonora de um periodo conturbado dos EUA. 

Os sessions players da Motown - um time de excelentes músicos batizado de Funk Brothers - se destacam na bela "Flyin' High (In The Friendly Sky)", vide principalmente o já citado baixista James Jamerson, mas também o percussionista Jack Ashford.

O arranjo exuberante da épica "Right On" une perfeitamente soul, jazz, música latina, blues e música erudita. Já a linda "Wholy Holy" é exemplo definitivo de que Marvin Gaye era não só um grande letrista, mas também um cantor espetacular, de interpretação profunda, convicta e singela.

"Inner City Blues (Make Me Wanna Holler)" encerra com chave de ouro um disco que, não só renovou a soul music, mas também fomentou novos valores de união ao povo americano, com um lirismo de engajamento político e apelo popular como poucas vezes visto. Audição indispensável.

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