quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

TEM QUE OUVIR: Elis Regina - Falso Brilhante (1976)

Não há quem discorde de que a Elis Regina foi uma intérprete espetacular, provavelmente a maior de todas do Brasil. Dona de técnica vocal, carisma, emoção, faro pra repertório e personalidade explosiva, seu brilhantismo foi evidenciado por toda sua carreira.


Já dona de uma discografia extensa, contendo 13 álbuns - dentre eles o clássico Elis & Tom (1974) -, a cantora se lançou em uma das mais bem sucedidas temporadas de shows da história, chegando a impressionantes 1.200 apresentações num período de três anos. Essa tour foi chamada de Falso Brilhante e desencadeou neste estupendo disco de estúdio.

Uma das grandes qualidades de Falso Brilhante (1976) é a sonoridade dos instrumentos, mérito do produtor Mazzola, que soube captar a energia da artista e de sua banda numa época de pouco recurso tecnológico.

O álbum começa com o hino "Como Nossos Pais". A interpretação de Elis Regina em cima de uma letra emblemática de autoria do Belchior é intensa e emotiva, assim como o arranjo regional/rockeiro do seu parceiro, Cesar Camargo Mariano. 

O lado visceral/rockeiro de Elis fica explícito na sensacional "Velha Roupa Colorida", também de Belchior. Ambas versões ajudaram na projeção nacional do artista cearense.

A canção argentina anti-ditadura "Los Hermanos" pede a unificação dos sul-americanos em prol da liberdade. Vale lembrar que o disco foi lançado durante o regime militar brasileiro.

A excelente "Quero" é um típico rock rural, com linha de baixo espetacular executada pelo ótimo Wilson Gomes. Já em "Gracias A La Vida", Elis Regina homenageia a lendária cantora e ativista chilena, Violeta Parra.

As letras do disco, sempre interpretadas magistralmente por Elis, merecem atenção especial. A qualidade dos compositores é impressionante, vide "Um Por Todos" - um típico progressivo brasileiro, tamanha a quantidade de informação musical -, "Jardins de Infância" e "O Cavaleiro E Os Moinhos", todas da genial parceria João Bosco e Aldir Blanc.

Ainda hoje tida como uma das mais belas melodias já gravadas no Brasil, "Fascinação" eleva as alturas o talento da artista. O arranjo é outro show à parte.

O álbum se encerra com a sofisticada "Tatuagem", emblemática composição do Chico Buarque eternizada na voz da Elis.

40 anos depois do lançamento, Falso Brilhante se mantém como um dos grandes patrimônios da música popular brasileira e testemunho do brilho real de Elis Regina.

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