segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Meus discos prediletos da música brasileira

Sim, é isso mesmo que vocês leram no título.

Reforçando que é uma lista pessoal e sem nenhum compromisso com álbuns e artistas consagrados, embora seja difícil fugir deles.

Façam suas listas e deixem nos comentários. A minha está em ordem cronológica.


Aracy de Almeida - Noel Rosa (1950)
Noel Rosa, vulgo maior compositor brasileiro, cantado por Aracy de Almeida, a única interprete com autoridade para tanto (além do próprio Noel, claro). Com direito a arranjos de Radamés Gnatalli e capa de Di Cavalcanti. Que time!
Faixa Predileta: "Último Desejo".

Dorival Caymmi - Canções Praieiras (1954)
Me impressiona o fato de Dorival criar cenários majestosos fazendo uso "somente" de sua poética e do violão singular. Documento essencial para entender a canção popular.
Faixa Predileta: "A Lenda Do Abaeté".

João Gilberto - Chega de Saudade (1959)
Não somente devido a revolução que causou, mas principalmente pela delicadeza de João ao cantar lindas melodias e tocar seus ritmos sincopados. A bossa nova em seu momento inicial e definitivo.
Faixa Predileta: "Desafinado".

Moacir Santos - Coisas (1965)
O jazz com balanço brasileiro na visão de um dos maiores arranjadores deste país. Fino.
Faixa Predileta: "Coisas Nº 9".

Baden Powell - Tristeza On Guitar (1966)
Algo entre o samba, a bossa nova e o choro. O popular e o erudito se encontram no violão de Baden. Melhor que o cultuado Os Afro-Sambas, também de 1966.
Faixa Predileta: "Tristeza".

Tom Jobim - Wave (1967)
Minimalista, one finger piano, melodias inesquecíveis... uma maravilha do maestro da bossa nova.
Faixa Predileta: "The Red Blouse".

Quarteto Novo - Quarteto Novo (1967)
Quatro instrumentistas não menos que geniais rompem com o jazz e buscam uma linguagem instrumental brasileira nos ritmos regionais. O resultado é avassalador.
Faixa Predileta: "Vim de Santana".

Roberto Carlos - Em Ritmo de Aventura (1967)
Nos últimos suspiros da Jovem Guarda, com Roberto mais maduro, mas preservando a energia do rock.
Faixa Predileta: "Você Não Serve Pra Mim".

Caetano Veloso - Caetano Veloso (1967)
O disco psicodélico do Caetano. Aqui está os primeiros sinais do que viria ser a Tropicália. Ele fez trabalhos melhores no futuro, mas o frescor aqui apresentado continua intacto.
Faixa Predileta: "Tropicália".

Vários - Tropicália ou Panis Et Circencis (1968)
Disco manifesto. A inauguração de uma estética sonora que insere modernidade na tradição musical brasileira. Emblemático.
Faixa Predileta: "Parque Industrial".

Os Mutantes - Os Mutantes (1968)
Contemporâneo aos Beatles, extremamente inventivo, jovem, psicodélico e divertido. Um cult que merece o status que alcançou.
Faixa Predileta: "Panis Et Circenses".

Caetano Veloso - Caetano Veloso (o Álbum Branco - 1969)
O grande disco tropicalista de Caetano. Bem mais rebuscado e centrado quando se comparado ao anterior.
Faixa Predileta: "Não Identificado".

Gilberto Gil - Gilberto Gil (1969)
Altamente lisérgico. As guitarras falam alto, mas é o violão genial de Gil que dita o ritmo em composições fantásticas.
Faixa Predileta: "17 Léguas e Meia".

Gal Costa - Gal (1969)
O melhor momento da música psicodélica brasileira. Um berro dado por aquela que até então se acanhava via bossa nova. Para completar, a guitarra de Lanny Gordin está ultra ácida.
Faixa Predileta: "Cinema Olympia".

João Donato - Bad Donato (1970)
A bossa nova ainda mais jazzistica encontra o funk e a psicodelia. Impossível de ser descrito. Maravilhoso no resultado.
Faixa Predileta: "The Frog".

Tim Maia - Tim Maia (1970)
O primeiro e melhor disco do Tim Maia. Do soul melódico, passando pelo funk encorpado, tempero brasileiro e sensibilidade pop. Uma marco da black music brasileira.
Faixa Predileta: "Eu Amo Você".

Gal Costa - Legal (1970)
Ainda rockeiro, mas mais maduro que o anterior. Seu melhor momento, graças as performances inspiradas de todos envolvidos, além das ótimas composições.
Faixa Predileta: "Hotel das Estrelas".

Os Mutantes - A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1970)
O grande disco dos Mutantes. Já nem tão engraçadinho, mas preservando a jovialidade inventiva. Ainda mais rockeiro.
Faixa Predileta: "Quem Tem Medo de Brincar de Amor".

Ronnie Von - A Máquina Voadora (1970)
Um cult que faz jus a lenda que virou. Dos arranjos as letras, tudo é muito psicodélico e bem executado.
Faixa Predileta: "A Máquina Voadora".

Milton Nascimento - Milton (1970)
Um Milton quase progressivo acompanhado pelos músicos do Som Imaginário. Bela porta de entrada ao trabalho deste genial artista.
Faixa Predileta: "Para Lennon e McCartney".

Roberto Carlos - Roberto Carlos (1971)
Roberto Carlos dá as costas pra Jovem Guarda e grava seu melhor trabalho. Com bastante influência da soul music, ele se entrega em composições emocionantes. Seu romantismo é honesto, as melodias são de chorar e os arranjos fazem do disco um dos melhores do pop nacional.
Faixa Predileta: "Todos Estão Surdos".

Erasmo Carlos - Carlos, Erasmo (1971)
Erasmo Carlos, um compositor acima de qualquer suspeita, agora mais adulto e versátil. O resultado é um repertório ultra inspirado.
Faixa Predileta: "De Noite Na Cama".

Gal Costa - Fa-Tal A Todo Vapor (ao vivo - 1971)
Gravação péssima, mas performance brilhante, não só de Gal, mas também do Lanny Gordin. Quando ouvi pela primeira, explodiu minha cabeça.
Faixa Predileta: "Dê Um Rolê".

Chico Buarque - Construção (1971)
Chico Buarque apresenta algumas de suas melhores composições - maduras e contestadoras -, arranjadas majestosamente. Talvez seu momento mais inventivo. A história passa por aqui.
Faixa Predileta: "Construção".

Gilberto Gil - Expresso 2222 (1972)
O melhor disco do Gil. Gravado pós exílio, com referências mais amplas e a genialidade de sempre. Letrista e violonista de mão cheia.
Faixa Predileta: "Back In Bahia".

Caetano Veloso - Transa (1972)
O disco londrino de Caetano. Sonoridade viajante em canções inesquecíveis.
Faixa Predileta: "You Don't Know Me".

Jards Macalé - Jards Macalé (1972)
Conhecidos das fichas técnicas dos medalhões, Jards Macalé, Lanny Gordin e Tutty Moreno gravam o melhor disco da MPB segundo eu mesmo. Simples assim.
Faixa Predileta: "Farinha do Desprezo".

Novos Baianos - Acabou Chorare (1972)
Novos Baianos escutam João Gilberto e abrasileiram seu som - sem esquecer o rock - num disco atemporal, de balanço e ousadia deliciosa.
Faixa Predileta: "Mistério do Planeta".

Milton Nascimento e Lô Borges - Clube da Esquina (1972)
Baluartes da música mineira fundem o pop rock com o jazz, resgatam elementos barrocos e criam uma obra de autenticidade maravilhosa. É tudo isso que dizem mesmo.
Faixa Predileta: "Tudo Que Você Podia Ser"

Paulinho da Viola - Dança da Solidão (1972)
O samba em seu melhor momento. Arranjos geniais e composições emblemáticas via o interprete mais emocionante do estilo.
Faixa Predileta: "Duas Horas da Manhã".

Marcos Valle - Previsão do Tempo (1973)
Brilhante desde os tempo da bossa nova, aqui o Marcos Valle eletrifica seu som e incorpora elementos de soul e psicodelia, resultando em faixas que só melhoram com o passar do tempo.
Faixa Predileta: "Nem Paletó, Nem Gravata"

Nelson Cavaquinho - Nelson Cavaquinho (1973)
Algumas das mais emocionantes composições da canção mundial via um artista que exala verdade, memória e a tradição do samba. Tem cada melodia! Soberbo.
Faixa Predileta: "Folhas Secas".

Novos Baianos - Novos Baianos F.C. (1973)
Novos Baianos dão uma pausa no futebol e gravam um trabalho tão bom quanto o anterior, embora menos cultuado.
Faixa Predileta: "Com Qualquer Dois Mil Reis".

Som Imaginário - A Matança do Porco (1973)
Um time de músicos inacreditável num disco tão jazzistico quanto progressivo. Sofisticação pura.
Faixa Predileta: "Armina".

Secos & Molhados - Secos & Molhados (1973)
Jovem, pop e ousado. Um revolução não só comercial, mas também comportamental. O mais próximo que chegamos do glam rock.
Faixa Predileta: "Amor".

Sérgio Sampaio - Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua (1973)
Esquecido do grande público e da mídia, Sérgio Sampaio é lembrado por todos aqueles que o ouviram. O verdadeiro poeta das ruas. Doce e visceral. Marginal por ineficiente cultural do país.
Faixa Predileta: "Filme de Terror".

Tim Maia - Tim Maia (1973)
Tim Maia em mais uma obra-prima. Inferior ao primeiro, mas melhor que tudo que ele viria a fazer posteriormente (e não estou esquecendo da fase Racional).
Faixa Predileta: "Réu Confesso".

Tom Jobim - Matita Perê (1973)
Meio bossa nova, meio jazzistico, meio erudito. Tem cada arranjo soberbo (Claus Ogerman, né). Uma maravilha.
Faixa Predileta: "Águas de Março".

Luiz Melodia - Pérola Negra (1973)
Espetacular compositor e intérprete em canções belíssimas que não se prendem a nenhum estilo. Com perdão do trocadilho: uma verdadeira pérola no quesito melodias.
Faixa Predileta: "Magrelinha".

Raul Seixas - Krig-Ha, Bandolo! (1973)
Compositor inquieto, Raul Seixas grava seu primeiro disco solo. Emblemático e cheio de hits.
Faixa Predileta: "Al Capone".

Paulinho da Viola - Nervos de Aço (1973)
O samba em arranjos que transcendem o gênero. Algumas composições trazem uma tristeza emocionante. Fora o canto celestial do Paulinho. Genial.
Faixa Predileta: "Nervos de Aço".

Elis Regina - Elis (1973)
Com arranjos espetaculares do César Camargo Mariano e uma banda afiada, Elis incorpora algumas das melhores composições que gravou em toda sua carreira.
Faixa Predileta: "Meio de Campo".

Raul Seixas - Gita (1974)
O melhor disco do pop brasileiro. Passeia pelo rock, sertanejo, baião, tango... Tudo muito bem tocado e escrito. Subversivo e acessível.
Faixa Predileta: "S.O.S.".

Arnaldo Baptista - Lóki? (1974)
Um disco de carga emocional difícil de ser ignorada e com o Arnaldo quebrando tudo no piano.
Faixa Predileta: "Desculpe".

Joelho de Porco - São Paulo 1554/Hoje (1974)
Hard rock direto e bem humorado. Incrivelmente bem escrito, uma raridade na cena rockeira daquele período.
Faixa Predileta: "São Paulo By Day".

Jorge Ben - A Tábua de Esmeralda (1974)
Incomparável a qualquer outro álbum feito no mundo. É psicodélico, com grooves desconcertantes, letras transcendentais e a interpretação única de Jorge Ben ao cantar/tocar. Genial!
Faixa Predileta: "Errare Humanum Est".

Adoniran Barbosa - Adoniran Barbosa (1974)
Marco do samba paulista. A interpretação e o timbre de Adoniran é espetacular. Já as canções são clássicos inesquecíveis. Séculos da cultura imigrante proletária num único disco.
Faixa Predileta: "Prova de Carinho".

Quinteto Armorial - Do Romance ao Galope Nordestino (1974)
Uma proposta conceitual de sonoridade atraente. Talvez o grande momento da música regional brasileira, com forte influência ibérica e nordestina. Entre o erudito e o popular.
Faixa Predileta: "Revoada".

Som Nosso De Cada Dia - Snegs (1974)
Um dos grandes discos do rock progressivo mundial. Simples assim.
Faixa Predileta: "Sinal da Paranóia".

Elis Regina e Tom Jobm - Elis & Tom (1974)
A maior interprete brasileira em parceria com um compositor genial. Isso sem mencionar os arranjos sempre cuidadosos do César Camargo Mariano, a guitarra exuberante de Hélio Delmiro, o baixo pulsante de Luizão Maia, além da produção impecável. Tá bom pra você?
Faixa Predileta: "Pois É".

João Bosco - Caça à Raposa (1975)
Um time de gênios a serviço da canção brasileira. Cinematográfico, poético, urbano, elegante... perfeito.
Faixa predileta: "O Mestre Sala dos Mares".

Caetano Veloso - Qualquer Coisa (1975)
Caetano se reinventa em sua sonoridade, canto e poesia. Se sai bem como (quase) sempre.
Faixa Predileta: "Qualquer Coisa".

Tim Maia - Racional 1 (1975)
Tá certo que as letras empapuçam, mas o instrumental e a voz do Tim talvez estejam em seus melhores momentos.
Faixa Predileta: "Bom Senso".

Terreno Baldio - Terreno Baldio (1975)
Nada que o Gentle Giant já não tenha feito. Muito para o Brasil da época.
Faixa Predileta: "Despertar".

O Terço - Criaturas da Noite (1975)
O rock progressivo finalmente com cara brasileira. A influência de música mineira e Pink Floyd são gritantes.
Faixa Predileta: "1974".

Rita Lee & Tutti Frutti - Fruto Proibido (1975)
Cheio de hits, com o Carlini imitando o Keith Richards, Franklin debulhando na bateria e Rita preste a virar uma estrela. Vendeu feito água. Adoro também a produção.
Faixa Predileta: "Agora Só Falta Você"

Raul Seixas - Novo Aeon (1975)
Apesar da queda da popularidade, Raul continua em alta nas composições, fechando com esse disco sua trilogia perfeita.
Faixa Predileta: "Paranoia".

Walter Franco - Revolver (1975)
Ousado tanto na poética quanto nos arranjos. Um clássico anárquico de uma geração vanguardista em ebulição.
Faixa Predileta: "Eternamente".

Milton Nascimento - Minas (1975)
Milton em seu momento mais sublime. Alto grau de excelência das composições, do seu canto celestial e dos arranjos ultra sofisticados. Fino.
Faixa Predileta: "Gran Circo".

Raimundo Fagner - Fagner (1976)
Por vezes ignorado, Fagner esbanja o compositor brilhante que é. Dono de algumas das mais bonitas canções da música popular brasileira. Fundamental para a cena nordestina.
Faixa Predileta: "Asa Partida".

Cassiano - Cuban Soul (1976)
Compositor subestimadíssimo, Cassiano apresenta o que de melhor já foi feito no soul e pop brasileiro.
Faixa Predileta: "Coleção".

Jorge Ben - África Brasil (1976)
Muito groove e letras de autenticidade exclusiva de um artista genial. Fora a banda que o acompanha, que é um arregaço.
Faixa Predileta: "Ponta de Lança Africano (Umbabarauma)".

Cartola - Cartola II (1976)
Antes tarde do que nunca. O melhor registro de um compositor brilhante, de maturidade e talento assustador. Lindo de chorar.
Faixa Predileta: "O Mundo É Um Moinho".

Tom Zé - Estudando o Samba (1976)
Até aqui Tom Zé só fez grandes discos, sendo esse o meu predileto. Experimental na medida certa - se é que isso é possível -, o artista baiano desconstrói o gênero mais brasileiro de todos.
Faixa Predileta: "Mãe (Mãe Solteira)".

Belchior - Alucinação (1976)
A voz é de pato, mas o que o salta aos ouvidos são as letras. Nisso Belchior é um dos melhores no mundo. Confessional e oposto a qualquer otimismo hipponga.
Faixa Predileta: "A Palo Seco".

Elis Regina - Falso Brilhante (1976)
Letras de Belchior, uma banda sensacional, produção muito boa (adoro esses timbres envelhecidos), transita pelo rock, jazz e música latina. Ah, tem também a voz/interpretação da Elis Regina.
Faixa Predileta: "Um Por Todos".

João Bosco - Tiro de Misericórdia (1977)
Transcende gêneros. Tem aquelas crônicas espetaculares de Aldir Blanc e uma sofisticação rítmica que só o João Bosco parece dominar.
Faixa Predileta: "Tiro de Misericórdia".

Banda Black Rio - Maria Fumaça (1977)
Funk instrumental de primeiro nível. Clássico da cena black music carioca. Jamil Joanes come o baixo com farinha.
Faixa Predileta: "Maria Fumaça".

Arnaldo Baptista e Patrulha do Espaço - Elo Perdido (1977 - lançado em 1988)
Apesar do atraso do lançamento, o disco é um registro importante de um Arnaldo inspirado - e transtornado - ao lado de uma das grandes bandas do rock nacional.
Faixa Predileta: "Sunshine".

Chico Buarque - Chico Buarque (1978)
Melhor disco do Chico. As grandes parceiras abrilhantam uma obra recheada de lindas melodias e letras afiadas.
Faixa Predileta: "Cálice".

Zé Ramalho - Zé Ramalho (1978)
A voz única de Zé Ramalho a serviço de suas melhores composições. Um festival de canções icônicas.
Faixa Predileta: "Chão de Giz".

Pepeu Gomes - Geração do Som (1978)
Pepeu apresenta ao mundo sua mistura de Jeff Beck com Jacob do Bandolim. Impressionante.
Faixa Predileta: "Malacaxeta".

A Cor do Som - Ao Vivo no Montreux Jazz Festival (1978)
A música instrumental brasileira numa fusão inacreditável de estilos. Bate de frente com contemporâneos do fusion mundial. Virtuosidade absoluta.
Faixa Predileta: "Arpoador".

Beto Guedes - Amor de Índio (1978)
A voz frágil de Beto Guedes em composições bucólicas que transitam entre o pop melódico e a sofisticação jazzistica.
Faixa Predileta: "Novena".

Caetano Veloso - Cinema Transcendental (1979)
O início da fase "MPB pop solar" do Caetano, possivelmente a minha predileta. A leveza e o brilhantismo se encontram em canções inesquecíveis.
Faixa Predileta: "Oração Ao Tempo".

Hermeto Pascoal - Ao Vivo Montreux Jazz Festival (1979)
Inventivo como poucos, aqui está o registro definitivo do Hermeto em ação no palco de um dos mais lendários festivais do mundo. Para o albino, apenas mais um espaço para suas experimentações e viagens sonoras.
Faixa Predileta: "Quebrando Tudo".

Odair José - O Filho de José e Maria (1979)
O subestimado Odair José lança uma obra difícil de ser ignorada até por seus detratores. Um épico da música brasileira de narrativa surpreendente. Produção impecável.
Faixa Predileta: "Nunca Mais".

Egberto Gismonti - Circense (1980)
Harmonias complexas, melodias das mais ricas e arranjos ousados em um disco brilhantemente acessível do Egberto.
Faixa Predileta: "Palhaço".

Toninho Horta - Terra dos Pássaros (1980)
Ponto do alto da harmonia mundial. As melodias também não devem em nada. O jazz e a música mineira viram uma coisa só nas mãos do Toninho Horta.
Faixa Predileta: "Céu de Brasília".

Arrigo Barnabé - Clara Crocodilo (1980)
Quadrinhos, dodecafonia, virtuosidade, arranjos complexos, narrativas interessantes... Clássico da Vanguarda Paulista, lançado em formato independente.
Faixa Predileta: "Sabor de Veneno".

Itamar Assumpção (com a Isca de Policia) - Beleléu, Leléu, Eu (1980)
Dizem que o Itamar sempre foi melhor ao vivo do que em disco. Para mim, que não tive a oportunidade de comprovar os dizeres, tenho nesse seu excelente disco de estreia o caminho certeiro para recorrer ao seu enorme talento.
Faixa Predileta: "Nego Dito".

Grupo Rumo - Rumo (1981)
Mais uma obra-prima da Vanguarda Paulista. Disco arquitetado cuidadosamente, vide as letras surreais e os arranjos intrincados.
Faixa Predileta: "Minha Cabeça".

Caetano Veloso - Outras Palavras (1981)
Acho uma música melhor que a outra. Simples assim.
Faixa Predileta: "Outras Palavras".

Robson Jorge & Lincoln Olivetti - Robson Jorge & Lincoln Olivetti (1982)
Muito além da excelência técnica (arranjos, execução e captação) o que chama atenção é o astral elevado diante dos grooves. O AOR nunca soou tão solar.
Faixa Predileta: "Aleluia".

Bacamarte - Depois do Fim (1983)
Rock progressivo da melhor qualidade. Extremamente melódico e técnico. Pena que já era 1983 e ninguém mais ligava pra isso. Uma pérola perdida no tempo.
Faixa Predileta: "Miragem".

Camisa de Vênus - Camisa de Vênus (1983)
Disco chuta bunda! O rock nacional sem comprometimento com o mercado ou a brasilidade. Jovem, cru (de produção até mesmo tosca) e extremamente bem escrito.
Faixa Predileta: "Passamos Por Isso".

Os Paralamas do Sucesso - O Passo do Lui (1984)
Tudo bem, o Selvagem? pode até ser o grande clássico da banda, mas esse é bem mais divertido e cativante, com direito a instrumental exageradamente inspirado no Police (ao menos a referência é boa). Além disso, representa muito bem o tal BRock que explodiu pós primeiro Rock In Rio.
Faixa Predileta: "Mensagem de Amor".

Plebe Rude - O Concreto Já Rachou (1985)
Hoje até gosto dos dois primeiros discos da Legião Urbana, mas de toda a famigerada cena de Brasilia, a Plebe Rude sempre me soou melhor, sendo seu disco de estreia o meu predileto.
Faixa Predileta: "Minha Renda".

Ira! - Vivendo E Não Aprendendo (1986)
Uma espécie de The Jam brasileiro. Sem novidade, mas com referências muito boas. E o melhor, sem coreografia e uniforme.
Faixa Predileta: "Dias de Luta".

Titãs - Cabeça Dinossauro (1986)
Primeiro grande disco da banda. É visceral, sujo e berra contra as instituições, conseguindo ainda assim manter-se acessível. Ótima produção.
Faixa Predileta: "Bichos Escrotos".

Patife Band - Corredor Polonês (1987)
O pós-punk encontra o rock progressivo e o free jazz. Mérito de Paulo Barnabé, um criador ousado, muitas vezes ofuscado involuntariamente pelo seu irmão Arrigo.
Faixa Predileta: "Poesia Em Linha Reta".

Cazuza - O Tempo Não Para (1988)
É triste dizer isso, mas considero que foi na vulnerabilidade de sua doença que o artista se desprendeu das afetações juvenis e se encontrou em belas composições e interpretações. Ouvi muita na infância.
Faixa Predileta: "Vida Louca Vida".

Ira! - Psicoacústica (1988)
Os trabalhos anteriores já eram ótimos, só que aqui a banda surge ainda mais criativa. Um clássico obscuro - e até mesmo experimental -, do tal BRock 80.
Faixa Predileta: "Rubro Zorro".

Golpe de Estado - Forçando a Barra (1988)
Algo entre o hard rock e o heavy metal, só que com uma malandragem tipicamente brasileira. Marcou uma geração.
Faixa Predileta: "Terra de Ninguém".

Ratos de Porão - Brasil (1989)
O cruzamento do punk rock com o heavy metal formando o crossover perfeito. Pesado, político, sagaz, insano e visceral.
Faixa Predileta: "Aids, Pop, Repressão".

André Christovam - Mandiga (1989)
Finalmente um disco de blues cantado em português, feito por um guitarrista muito acima da média. Casamento perfeito retratado nas ótimas composições.
Faixa Predileta: "Confortável".

Caetano Veloso - Circuladô (1991)
O incansável Caetano Veloso se reinventa num disco experimental, ousado e de grande alcance comercial. Coisas que só Caetano consegue.
Faixa Predileta: "O Cu do Mundo".

Barão Vermelho - Supermercados da Vida (1992)
Cazuza era um bom letrista, mas gosto muito mais do peso instrumental presente na fase comandada pelo Frejat, sendo esse disco o meu predileto. Rock n' roll brasileiro em sua melhor forma.
Faixa Predileta: "Pedra, Flor e Espinho".

Guinga - Delírio Carioca (1993)
Compositor e violonista esplêndido no auge do seu arrojo. É a canção popular brasileira elevada a níveis estratosféricos. Quase sinfônico. Absurdo.
Faixa Predileta: "Par Ou Ímpar".

Sepultura - Chaos A.D. (1993)
O melhor disco do Sepultura, embora muitas vezes ignorado por ter sido lançado em meio a dois clássicos. O flerte com a música brasileira começa aqui.
Faixa Predileta: "Territory".

Marisa Monte - Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão (1994)
Se os frutos de sua ascensão não foram bons, ao menos os primeiros trabalhos da Marisa Monte não devem ser ignorados. É MPB muito bem arranjada e interpretada.
Faixa Predileta: "Pale Blue Eyes".

Raimundos - Raimundos (1994)
Disco de "moleque". Cheio de palavrões, gírias e guitarras pesadas. Contemporâneo ao grunge. Atende o punk, metal e o alternativo.
Faixa Predileta: "Nega Jurema".

Chico Science & Nação Zumbi - Da Lama Ao Caos (1994)
Maracatu, heavy metal, dub, reggae, samba... A apresentação do Manguebeat através de um disco manifesto excelente.
Faixa Predileta: "Rios, Pontes & Overdrives".

Dr. Sin - Brutal (1995)
Hard rock de padrão internacional, tanto na composição quanto execução e produção. É quase uma trapaça, já que nem parece um disco brasileiro.
Faixa Predileta: "Karma".

Sepultura - Roots (1996)
A explosão do metal em forma de vanguarda. O thrash metal brasileiro encontra os índios xavantes e dá luz ao new metal. Pesado, insano e conceitual. Clássico mundial.
Faixa Predileta: "Roots Bloody Roots".

Nuno Mindelis - Texas Bound (1996)
Um dos grandes discos de blues pós Stevie Ray Vaughan, justamente com a cozinha que acompanhava o guitarrista americano.
Faixa Predileta: "Back To Memphis".

Racionais MC's - Sobrevivendo No Inferno (1997)
A periferia fala e a classe média escuta. Textos e beats inesquecíveis. Influenciou jovens não só para a música, mas para a vida.
Faixa Predileta: "Capitulo 4, Versículo 3".

Planet Hemp - A Invasão do Sagaz Homem Fumaça (2000)
Rap imerso no rock em prol da liberdade de expressão. O primeiro grande grito de rebeldia pós ditadura em um cruzamento musical visceral. Melhor que o emblemático Usuário (1995).
Faixa Predileta: "Ex-Quadrilha da Fumaça".

Sabotage - Rap É Compromisso (2000)
Documento histórico que registra o melhor rapper brasileiro em ação. Simples assim.
Faixa Predileta: "No Brooklin".

Angra - Temple Of Shadows (2004)
Aqui a memória afetiva falou alto. Metal progressivo extremamente virtuoso e bem produzido, mas acima de tudo maduro, com influência de música brasileira e conceito interessante. Ouça sem preconceitos.
Faixa Predileta: "The Shadow Hunter".

Cascadura - Bogary (2006)
O indie rock nacional via um dos melhores compositores do estilo. Das baladas as faixas mais furiosas, é tudo muito inspirado.
Faixa Predileta: "Senhor das Moscas".

Céu - Vagarosa (2009)
Céu encanta com seu canto hipnotizante e levadas de afrobeat e dub. As novas cantoras brasileiras começam a sair da cola da Marisa Monte.
Faixa Predileta: "Grains de Beauté".

Cidadão Instigado - UHUUU! (2009)
Psicodelicamente pesado e com influências da música brega. Divertido em sua estranheza, experimental em sua amplitude.
Faixa Predileta: "Escolher Pra Quê".

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*Criolo - Nó Na Orelha (2011)
O rap vira MPB e traz ótimas crônicas de um compositor talentoso. Tudo musicado maravilhosamente sob supervisão do Ganjaman.
Faixa Predileta: "Mariô".

*Juçara Marçal - Encarnado (2014)
O post-rock, oras bastante ruidoso e cheio de guitarras, encontra o samba e outras vertentes da música brasileira. Tudo muito bem escrito e interpretado. Arranjos ultra ousados.
Faixa Predileta: "Queimando a Língua".

*Lupe de Lupe - Quarup (2014)
O rock brasileiro fora dos padrões da indústria, com sua fúria, emoção, espontaneidade, ansiedade e urgência jovem. Muito bem escrito.
Faixa Predileta: "Fogo-Fátuo".

*Elza Soares - A Mulher do Fim do Mundo (2015)
Acompanhada dos mais talentosos músicos daquela geração, Elza ressurge das cinzas com seu timbre único, letras ácidas e arranjos esplendidos que remetem a Vanguarda Paulista.
Faixa Predileta: "Maria da Vila Matilde".

*atualizações feitas após a postagem original

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