Por mais que eu seja um grande entusiasta do dream pop, é nítido que o estilo caiu numa linha de produção de auto-plágio, sempre remetendo a uma estética que consagrou o gênero no passado. Em Teen Dream (2010), o Beach House foge desta fórmula elaborando um álbum de beleza bastante particular e atento as tendências do indie pop.
Formado pela Victoria Legrand e o Alex Scally, o duo equilibra ousadia e elegância logo em "Zebra", com guitarra contemplativa, bumbo insistente, coro de vozes majestoso, refrão memorável e a interpretação convicta da cantora.
A hipnótica "Silver Soul" soa profunda diante do baixo gorduroso contrabalanceado por vozes distantes e guitarra com slides. Por sinal, há um elemento etéreo no uso da slide guitar e no "respiro" à la Cocteau Twins na introdução de "Norway".
Faixas como "Walk In The Park" abraçam o ouvinte, que cai em sua cama harmônica e é embalado pelo timbre contido de bateria eletrônica. Já o crescente arranjo de "Used To Be" deságua num final de ternura apaixonante.
A produção singelamente robusta do Chris Coady é um dos pontos altos do disco, vide o que acontece em "10 Mile Stereo", onde timbres cristalinos, sintetizadores etéreos e um groove esperto se unem numa pintura luminosa. É épico sem falsa grandiloquência.
Vale ainda se atentar para os ecos de synthpop em "Lover Of Mine", para a lentidão reflexiva de "Better Times" e para o piano dramático da linda balada "Real Love".
"Take Care" fecha o álbum com arranjo e melodia acolhedora. Lançado pela Sub Pop, Teen Dream foi de imediato aclamado pela crítica. Passada uma década, sua beleza continua intacta.
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