terça-feira, 3 de setembro de 2019

TEM QUE OUVIR: Suicide - Suicide (1977)

Um duo, nenhuma guitarra e destaque para timbres eletrônicos e voz. Algum desavisado pode achar que estamos falando de um disco de synthpop. Todavia, o ano era 1977. No auge do punk rock, o clima era outro. O debut homônimo do Suicide é um clássico do rock maldito.


De um lado tínhamos Martin Rev, proporcionando batidas eletrônicas primitivas e passagens distorcidas de um órgão avariado. É quase que um cruzamento do barroco com o krautrock. Do outro lado estava Alan Vega, com seus textos angustiantes e voz profunda. Juntos eles formaram uma das bandas mais inquietantes dos EUA.

"Ghost Rider" abre o disco num ritmo hipnótico elevado por um teclado saturado/garageiro e o canto gaguejado. Soa como um proto-psychobilly vindo do futuro de motocicleta. Um clássico!

Muito mais paranoica é a sequência, onde "Rocket USA" é alimentada por interferências reverberosas de space rock. Já a libidinosa "Cheree" tenta trazer o Serge Gainsbourg para um ambiente inóspito.

Se o Little Richard tivesse nascido 20 anos depois ele provavelmente estaria fazendo algo próximo da curtinha e divertidíssima "Johnny". Por sua vez, a repetitiva "Girl" cabe numa futura trilha do Quentin Tarantino.

Os momentos mais vanguardistas do disco ficam para o final, vide a épica "Frankie Teardrop", tipica de um terror psicológico, que vai crescendo em tom ameaçador, com direito a berros amedrontadores/bestiais. A faixa deságua na fúnebre "Che".

Escorrendo sangue desde a capa, este álbum é capaz de derreter cérebros, transformando nossos miolos em vitamina. É possível sentir sua influência em discos do Big Black, The Jesus And Mary Chain, Sisters Of Mercy, Birthday Party, The KFL, Depeche Mode, Spacemen 3, dentre tantos outros.

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