Na virada do milênio, havia um anseio por sonoridades eletrônicas como forma prever a "músicas do futuro". Isso fica nítido não só na explosão de grupos como Prodigy e Chemical Brothers, mas também no tráfego de artistas consagrados por essa estética, vide a Madonna e o U2. Entretanto, os anos 2000 chegaram e foi o rock básico e orgânico dos Strokes que ditou o rumo. Logo surgiram outros grupos prontos para responder pelo "novo rock". O Interpol foi o representante mais soturno deste período. Turn On The Bright Lights (2002) nasceu clássico.
Embora jogados no pacote do indie rock, é mais fácil compreende-los dentro do tal post-punk revival, muito devido a dramaticidade poética e interpretativa do Paul Banks e as linhas de baixos elegantes e pulsantes do Carlos Dengler, que tinham lá suas similaridades com o Joy Division.
As guitarras climáticas de "Untitled" abrem o disco criando um ambiente inicialmente aconchegante. Mas basta a cozinha entrar para a tensão ser elevada. Um início bonito e melancólico.
"Obstacle 1" soa como um cruzamento do Joy Division com Gang Of Four. O groove é irresistível. O cuidado lírico também é destacável. "Obstacle 2" traz as mesmas qualidades, só que soando ainda mais dark.
De ritmo estranho, arranjo espaçado e letra comovente, "NYC" tem a capacidade de prender (e asfixiar) o ouvinte. Mas foi a acanhadamente eufórica "PDA" o single inicial do disco, sendo responsável por apresentar o grupo ao grande público.
O lado mais pop, jovem e dançante do disco está na sensacional "Say Hello To The Angels". O oposto é a densa "Hands Away", onde a interpretação contida, os timbres distantes na mixagem e o arranjo exuberante parecem invadir a alma.
A qualidade individual da banda fica nítida na maneira com que cada integrante se comporta no arranjo primoroso da "Stella Was A Driver And She Was Always Down".
No fim, ainda nos damos de cara o peso soturno de "Roland", a climática/riquíssima "The New" e a docemente angustiante "Leif Erilkson".
Dentre tantos álbuns do indie rock daquele período, Turn On The Bright Lights é dos que melhor sobreviveu ao teste do tempo. Melhor até mesmo que o próprio Interpol, que hoje não é capaz de causar entusiasmo em ninguém.
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