A divertida "Non-Alignment Pact" abre o disco elevando o astral. É perturbador o feedback que grita por toda a faixa. A linha de baixo e o refrão são altamente empolgantes.
Os efeitos precariamente cósmicos de "The Modern Dance" constroem uma ambientação bastante particular. A faixa é repleta de colagens estranhas e arranjo nada ortodoxo. No meio dessa estranhice, há também os pilares da new wave.
O experimentalismo de "Laughing", com direito a agonizantes frases de piccolo oboé, chega a remeter ao free jazz. Diariamente bandas de noise rock tentam emular esse resultado.
A voz esganiçada do David Thomas duela com as texturas do tecladista Allen Ravenstine em "Street Waves". Ambos são as figuras chaves na sonoridade sui generis do grupo, embora o restante da turma demonstre concisão durante todo o disco.
Difícil saber onde a banda queria chegar com a abstrata "Chines Radiation". Mais esquizofrênico ainda é ritmo funky-tribal de "Life Stinks", com direito a guitarras ríspidas, sintetizadores ruidosos, frases insanas de sax e vocal rasgado. O paralelo com a música do Captain Beefheart é imediato.
Há um elemento cômico nos timbres criativos de "Real World", uma doidera muito a frente do tempo. Já a paranoica "Over My Head" tem um clima de tensão. Por outro lado, a jam esporrenta somada as colagens de "Sentimental Journey" - com direito a garrafas quebradas -, constroem uma narrativa perturbadora.
"Humor Me" fecha o álbum com groove, experimentação, provocação e humor. Alias, tão aí bons adjetivos para definir o Pere Ubu, banda ainda hoje cultuada no cenário alternativo e que guarda nesse discos todas as qualidades que justificam a adoração e influência.
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