terça-feira, 9 de abril de 2019

TEM QUE OUVIR: Keith Jarrett - The Köln Concert (1975)

Em meados da década de 1970, o jazz havia feito uma guinada para timbres ácidos e elétricos. O jazz rock (ou fusion) vivia seu auge. Numa abordagem muito mais intimista, Keith Jarrett apresentou no Köln Opera House improvisos solo que fizeram dele um dois mais aclamados pianistas da história.


Diz a lenda que, por um erro de logística, o Keith Jarrett foi obrigado a usar um piano muito abaixo do padrão, o que explica o singular timbre do instrumento que, por mais brilhante que seja, é um tanto quanto opaco e cru. Chega a lembrar um piano elétrico. Isso não tira em nada os méritos sonoros do trabalho, muito pelo contrário, traz bastante particularidade.

O show é formado por improvisos que nasceram do zero. Isso comprova sua capacidade absurda de criar motivos melódicos. Num vamp de poucos acordes, ele passeia no tempo e constrói diversos climas, parecendo buscar a solução ideal. 

É possível ouvir no seu tocar influência não somente de ícones do jazz (como Dave Brubeck), mas também de compositores eruditos (como Mozart) e até mesmo uma certo fraseado bluesy (algo meio Ray Charles). Isso tudo usando apenas a região central do piano. 

A entrega interpretativa desencadeia não somente lindas frases ao piano, mas também em suspiros, gemidos e sussurros que vazam da sua boca como uma interferência entre a mente e os dedos. Há muita alma interpretativa. Vale dizer ainda que, segundo a lenda, na época da gravação sua saúde estava bastante debilitada.

Sucesso de critica e público, The Köln Concert é dos mais belos registros da história do jazz e referência de improvisação nas artes. Numa recém publicação, foi eleito o principal álbum lançado pela lendária gravadora ECM.

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