Dando uma direção mais sintética/polida/quantizada para a sonoridade dos artistas que o influenciava - principalmente Sly Stone, George Clinton, Stevie Wonder e Jimi Hendrix - Prince tornou-se um Frankenstein da música.
A produção colorida e impactante da dançante "1999", a consciência pop do hit "Little Red Corvette" - com direito a ótimas guitarras - e o “blues” estranhamente modificado de "Delirious" - dona de uma melodia esganiçada/sintetizada insistente -, já asseguram ao disco um lugar especial na história da música. Mas tem mais!
"Let's Pretend We're Married" é um épico do synthpop. Os ritmos programados e vozes processadas em "Automatic" devem ter agradado os integrantes do Kraftwerk. Destaque também para os slaps no baixo. Já "D.M.R.S" é muito mais próxima do Giorgio Moroder, invocado eletronicamente as passagens mais funkeadas da disco music. Fora o groove contagiante da sexual "Lady Cab Driver", dona de ótima linha de baixo, bateria esquizofrênica, sintetizadores futuristas e solo de guitarra virtuoso.
Vale dizer que muitas dessas canções são de longa duração, levando a caminhos criativos imprevisíveis, além de revelar um desprendimento com a padronizações da indústria radiofônica. A solução foi o álbum ser lançado em vinil duplo.
Com exceção de alguns vocais, 1999 foi composto, tocado e produzido exclusivamente pelo Prince. Um dos momentos mais impressionantes do pop.

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