quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

TEM QUE OUVIR: Moby Grape - Moby Grape (1967)

Confesso que não sou dos maiores entusiastas da cultuada cena psicodélica de São Francisco. Entendo seu valor para a contracultura, mas quando o assunto é psicodelia, tenho a tendência de recorrer aos grupos ingleses. Todavia, se eu tiver que apontar uma banda predileta do cenário americano, seria sem dúvida o Moby Grape.


Encabeçado pelo malucaço/lendário Skip Spence (ex-Jefferson Airplane), o grupo reuniu músicos de inquestionável talento: os guitarristas Jerry Miller e Peter Lewis - que com o Spence formaram um dos primeiros grandes trios de guitarra do rock -, o baterista Don Stevenson e o baixista Bob Mosley. Nenhum se restringia ao seu instrumento, sendo todos ótimos compositores e cantores.

Logo de cara a energética "Fall On You" salta aos ouvidos trazendo um emaranhado de vozes e guitarras alucinantes. Alias, o desempenho nas seis cordas era uma das principais qualidades do grupo, vide "Ain't No Use", "Lazy Me" e "Indifference". Essa parede de vozes e guitarras traz uma massa sonora poderosa para a banda. 

Em "Mr. Blues" é o vocal potente/convicto de Mosley que rouba a cena. 

É acachapante como eles abrem as vezes no arranjo da divertida "Come In The Morning".

Muito mais melodiosa, mas não menos especial, é a acústica/caipira "8:05". Todavia, em meio a tantos bons momentos, é possível apontar "Omaha" como a canção mais emblemática, sendo um retrato da explosão criativa do Spence.

Com tantas qualidades, é claro que o grupo foi um sucesso comercial, certo? Errado! Coloque como justificativa para o fracasso o boicote (ou seria promoção exagerada?) da gravadora Columbia, que lançou cinco faixas como singles simultaneamente; a prisão de três integrantes por porte de drogas e a suspeita de ligação com garotas menores de idade; o surto psicótico do Spence após meses tomando LSD feito água; e até mesmo o inocente dedo do meio que o Stevenson mostra na capa do disco.

Se o sucesso comercial não veio, ao menos o tempo reservou um lugar especial para o Moby Grape, sendo um dos grupos mais cultuados da época.

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