quinta-feira, 14 de julho de 2016

TEM QUE OUVIR: Jorge Ben - África Brasil (1976)

Jorge Ben é um artista produtivo desde o começo da década de 1960. Todavia, é fácil reconhecer seu pico criativo na década seguinte, quando lançou uma trilogia brilhante que se inicia no cultuado A Tábua de Esmeralda (1974) e termina no brilhante África Brasil (1976).


A primeira mudança radical do disco está nas seis cordas empunhadas por Jorge Ben. Aqui ele troca seu violão característico por uma guitarra swingada, que logo na introdução de "Ponta de Lança Africano (Umbabarauma)" já mostra sua força. Que riff! A canção é o que aconteceria se Sly Stone fosse brasileiro. Ritmos descontruídos, narrativa espetacular e Jorge Ben atuando como um mestre de cerimonia. Obra-prima.

Mas o álbum ainda reserva outros clássicos, vide o samba "Xica da Silva" - dona de refrão emblemático -, a contagiante "Taj Mahal" - futuramente plagiada por Rod Stewart - e "Camisa 10 da Gávea", feita em homenagem ao Zico. E são poucos que cantam tão bem sobre futebol quanto Jorge Ben. Já suas letras herméticas se mantém na grooveada "Hermes Trismegisto Escreveu" e na delirante "O Filósofo".

Mas é o swingue da linda "Meus Filhos, Meu Tesouro" e "A História de Jorge" que agora dominam sua música. Neste quesito, é impossível ignorar a excelente cozinha formada por Dadi Carvalho (baixo) e Gustavo Schroeter (bateria). 

A interpretação vocal raivosa de Jorge Ben em "África Brasil (Zumbi)" - anteriormente gravada em formato acústico - é impressionante. Já a riqueza percussiva e o arranjo orquestrado da deliciosa "O Plebeu" tem os méritos dados ao José Roberto Bertrami. A produção ficou a cargo do Mazzola. Com essa escalação, não tinha como o disco dar errado.

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