quarta-feira, 29 de junho de 2011

As diferentes "MKs" do Deep Purple

Hoje é aniversário do meu baterista predileto, o subestimado Ian Paice. O músico que já passou pelo Whitesnake, pela banda do Gary Moore e até mesmo gravou um disco esquecido do Velvet Underground, escreveu definitivamente seu nome na história do rock através do Deep Purple. Com 63 anos comemorados hoje, ele é o único integrante do quinteto que tocou em todas as formações nesses 43 anos de banda, sequer perdendo um único show.


Para homenageá-lo, dissecarei brevemente todas as fases do Deep Purple. É importante lembrar que as formações do grupo são comumente chamadas de Mark (ou MK). Outro fator que merece atenção é o hiato de oito anos que o grupo teve entre 1976 e 1984.

Mesmo com diversas formações, o Deep Purple sempre manteve a característica de ter cinco integrantes: vocalista, baixista, guitarrista, tecladista e baterista. Respeitando essa escalação (e não necessariamente a ordem de cada instrumentista na foto abaixo), citarei o nome dos músicos que fizeram parte de cada MK.

1 - MK I (1968 - 1969) - Rod Evans, Nick Simper, Ritchie Blackmore, Jon Lord e Ian Paice.
Ao contrário de muitos grupos de rock, o Deep Purple não é uma banda formada por jovens amigos que se conheceram no colégio ou faculdade. A primeira formação é cheia de músicos experientes, que já tinham passado por diversas bandas e trabalhado como músicos de estúdio. Apesar desta "experiência", o MK I não apresenta grandes novidades dentro da música que ocorria na época. O som da banda é marcado pela mistura de rock inglês com pitadas progressivas. Mesmo com três discos lançados repletos de canções autorais, as músicas mais interessantes desta fase são suas versões, dentre elas o hit "Hush".

2 - MK II (1969 - 1973) - Ian Gillan, Roger Glover, Ritchie Blackmore, Jon Lord e Ian Paice
Percebendo que o som do grupo necessitava de mais peso, Rod Evans e Nick Simper foram chutados da banda. No lugar deles entraram Ian Gillan e Roger Glover, respectivamente. Esta fase estreou com um projeto audacioso, o Concerto for Group & Orchestra. Com o Led Zeppelin estourando e o Deep Purple não alcançando grandes picos, reformularam o conceito da banda e lançaram o pesado In Rock. Dai pra frente foi uma sequência avassaladora de discos espetaculares, fazendo desta a formação "clássica" da banda, muito disso por conta do disco Machine Head, que contêm o hit "Smoke On The Water". Uma música que define bem esta nova fase do grupo é a pesada e entorpecida "Speed King", que abre o disco In Rock.

3 - MK III (1973 - 1975) - David Coverdale, Glenn Hughes, Ritchie Blackmore, Jon Lord e Ian Paice
Não é segredo pra ninguém que Blackmore é um dos músicos mais chatos do rock e que isso gerou inúmeros atritos com o Gillan. Mas apesar desta chatice, quando o clima ferveu para além do normal, foi Gillan que levou a pior e, de quebra, atingiu seu melhor amigo (Roger Glover), que também debandou do grupo. Nos seus respectivos lugares entraram David Coverdale e Glenn Hughes, que deram um novo gás para o quinteto, culminado em discos emblemáticos como Burn e o funkeado Stormbringer. Uma volta do MK III é tida como um sonho por grande parte dos fãs, sendo que o grande empecilho para isso é o fato de Ian Paice fazer parte da formação atual do Deep Purple.

4 - MK IV (1975 - 1976) - David Coverdale, Glenn Hughes, Tommy Bolin, Jon Lord e Ian Paice
Apesar do clima aparentemente melhor dentro da banda, a parte musical começou desinteressar Blackmore, já que segundo ele a banda começava a ficar "funk demais". A prova de que ele estava certo veio com o subestimado disco Come Taste The Band, que recrutava o excelente guitarrista Tommy Bolin. Apesar das ótimas composições, a formação ultra desfalcada incomodou o público. Resultado: o disco não foi bem aceito. Pra piorar, Glenn Hughes e Tommy Bolin tinham mais heroína na veia do que sangue, fazendo com que as apresentações do grupo soassem patéticas. Todo esse caos levou ao fim do grupo em 1976 e a morte prematura do guitarrista meses depois.

5 - MK II (1984 - 1989) - Ian Gillan, Roger Glover, Ritchie Blackmore, Jon Lord e Ian Paice
Após 11 anos em repouso, com a conta no vermelho e saudade das velhas brigas, a formação clássica da banda (MK II) voltou para lançar um novo disco de estúdio. Batizado de Perfect Stranger, o trabalho apresenta boas canções e produção ultra polida. Os show desta época se tornaram intensos, mas a tranquilidade durou apenas até o fracasso do disco seguinte, o fraco The House Of Blue Light. Assista o clipe de "Perfect Stranger" e veja o hilário momento em que Blackmore recusa o aperto de mão de Gillan. Apenas uma brincadeira? A história mostra que não.

6 - MK V (1989 - 1991) - Joe Lynn Turner, Roger Glover, Ritchie Blackmore, Jon Lord e Ian Paice
Gillan abandona o grupo novamente, só que desta vez, deixa uma praga dentro da banda. Só só isso explica a ruindade desta fase. Joe Lynn Turner conseguiu trazer tudo de mais chato que ele fez com o Rainbow para dentro do Deep Purple, o resultado foi o péssimo disco Slaves and Masters. É AOR dos piores. Foi com essa formação que a banda veio pela primeira vez ao Brasil, sendo a única com o Blackmore na formação.

7 - MK II (1992 - 1994) - Ian Gillan, Roger Glover, Ritchie Blackmore, Jon Lord e Ian Paice
O período de Blackmore dentro do Deep Purple estava chegando ao fim, mas pra fechar o ciclo com chave de ouro, Ian Gillan voltou para a banda. Após o lançamento do bom The Battle Rages On, o grupo saiu em turnê e os problemas novamente apareceram (novamente entre Gillan e Blackmore), levando o gruitarrista para fora do Deep Purple. O clima péssimo dentro do grupo pode ser conferido no DVD Come Hell Or High Water. Desde então, a banda nunca mais tocou com sua formação clássica.

8 - MK VI (1994) - Ian Gillan, Roger Glover, Joe Satriani, Jon Lord e Ian Paice
Apesar de curta, esta fase foi de grande importância para banda, pois trouxe a alegria e a vontade de tocar novamente para dentro do grupo. Joe Satriani não quis permanecer no Deep Purple por achar a responsabilidade de substituir Blackmore grande demais. Ainda assim, fez importantes shows com o quinteto.

9 - MK VII (1994 - 2002) - Ian Gillan, Roger Glover, Steve Morse, Jon Lord e Ian Paice
Com a não permanência de Joe Satriani, o Deep Purple correu atrás de um outro grande virtuose, mas desta vez encontrou a peça perfeita, o espetacular e sorridente Steve Morse. Esta formação duradoura lançou o ótimo Purpendicular e fez shows pelo mundo inteiro. Um grande momento da banda foi quando eles refizeram o Concerto for Group & Orchestra, chegando até mesmo a trazer essa tour para o Brasil.

10MK VII (2002 - atualmente) - Ian Gillan, Roger Glover, Steve Morse, Don Airey e Ian Paice
Infelizmente, a idade chegou para Jon Lord e em 2002 ele decidiu deixar a banda (ao menos desta vez, tudo aconteceu sem nenhum conflito). Para o lugar dele veio Don Airey, responsável dentre outras coisas pelo lendário teclado de "Mr. Crowley" do Ozzy. Apesar da banda continuar na ativa fazendo grandes shows e lançando discos irregulares, boa parte da magia do Deep Purple foi embora com Jon Lord. Ainda assim, é sempre legal assistir o show deles, embora a voz do Gillan apresente falhas. Infelizmente ou felizmente, é o que dá pra ter.

É isso, uma carreira marcada por altos e baixos, mas que acima de tudo merece muito respeito. Parabéns ao Deep Purple. Parabéns ao aniversariante Ian Paice.

7 comentários:

  1. Excelente matéria. Simples e direta. PARABÉNS!

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  2. Sua postagem foi muito boa e orienta a todos aqueles que querem ter contato com a banda, de maneira inicial. Parabéns.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Muito boa análise e bem humorada. O "saudades de velhas brigas" me fez gargalhar aqui Realmente tiveram altos e baixos Como toda banda, ainda mais com esta longevidade Mas os altos foram espetaculares. É sem dúvida uma das grandes bandas da história do rock

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  5. Já tem atualização sem o Morse

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  6. O nome do álbum é House of Blue Light, não tem nada de "Blues", pois pode confundir o leitor achando que o som deixou de ser hard rock.

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