Swans
Sou daqueles que conheci (e adorei) a banda já na sua volta (mais precisamente em 2011). Normal pela minha idade. O problema é que nunca fui visitar o material antigo do grupo. Chegou a hora. Começando pelo início, Filth (1983), o caótico/maluco/abrasivo/violento debut. É um noise bastante rítmico e repetitivo. Gosto como eles criam cenários do inferno. Pra época soa bastante experimental. Muito bem produzido dentro da proposta. Por sua vez, o The Great Annihilator (1995), comparativamente parece bem mais “convencional”, explorando internamente a forma da canção, quase que numa junção de pós-punk, gótico, krautrock, industrial e shoegaze. Tem a densidade paranoica, mas também ecos de beleza. A Jarboe colabora muito para isso. Por fim o clássico Soundtracks For The Blind (1996), que embora aclamado, confesso que ainda não tinha escutado. Ele aponta para os rumos que a banda viria a tomar, se jogando em em climas inebriantes e imersivos de drone. Acho que no futuro eles lapidaram essa linguagem, mas pra época ele apresentou uma abordagem única. Disco longo, difícil, mas que se escutado com a disposição e atenção correta, levará a momentos de delírio. Bandaça.
Cristina Buarque
Se fosse verdade o respeito e apreciação pela tradição na música brasileira, Cristina Buarque seria muito mais reconhecida por uma nova geração. De voz precisa, seu maior êxito é entender as raízes do samba e explorar sem descaracteriza-lo. Um verdadeiro trabalho de pesquisa e prática. Prato e Faca (1976) foi a audição mais propícia para um domingo de Páscoa cinzento. Álbum lindíssimo, de arranjos, canções e performances do mais alto escalão do samba.
King Sunny Adé
Não conhecia, mas vi que a Pitchfork deu um 10/10 pro álbum Juju Music (1982), aí despertou a curiosidade. Superficialmente dá pra se enquadrar no afrobeat, embora a instrumentação e algumas características rítmicas e harmônicas o joguem no jùjú music, não que eu conheça ou saiba identificar tais características. O que sei é que é um álbum gostoso e hipnótico, de groove repetitivo e ótimas guitarras tocadas pelo próprio King Sunny Adé, que pelo que li é uma estrela da música nigeriana. A gravação é ótima e há alguns elementos psicodélicos. Embora dono de complexas camadas, é um disco de fácil absorção.
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