domingo, 28 de maio de 2023

Pitacos do C6 Fest e MITA

Já adianto que não fui nos festivais. Tava caro, tenho filha pra cuidar, não era minha hora. No caso do C6 Fest, sequer teve transmissão pra assistir. Mas algumas questões referentes aos dois festivais - na verdade, mais aos artistas escalados e a percepção do público - me passou pela cabeça e achei que valeria deixar registrado aqui. São apenas pitacos, quase como twittes. Tudo misturado e confuso. Há neles doses de rancor e inveja, mas também de apreciação musical. Vamos a eles:


- Antes de tudo, reforço algo que vale pra 90% dos shows que rolam no Brasil: é tudo muito caro. Nem falo isso buscando culpados, apenas pra dizer que o valor proibitivo dos ingressos não permite dizer que os eventos são imperdíveis. Dizer isso é até ofensivo e esnobe. Imperdível é almoçar, não pagar R$250 pra ver o Underworld.

- Não vi ninguém falando do Julian Lage. Ele passou ileso pelo hype, pelos "formadores de opinião", pelos apreciadores de "jazz pitchfork". Uma pena, sabendo o guitarrista que ele é, de fraseado ácido e soberbo, além de técnica acima de qualquer suspeita. Deve ter sido um show espetacular.

- Vi alguns vídeos da DOMi & JD BECK e achei sensacional. Essa dupla é muito promissora. Tocam com virtuosismo, criatividade, carisma... espero que o pavio não queime muito rápido.

- Vi também vídeos do The Comet Is Coming. Aquilo é rock! Barulheira jazzistica fenomenal. 

- Muita gente elogiou o Mdou Moctar, ao que consta, as poucas que assistiram. Caso clássico de grupo que dificilmente volta pro Brasil. Uma pena.

- Não sei se o show do Underworld é musicalmente interessante, mas sei que o pessoal gosta das danças do Karl Hyde. Apenas isso foi dito. 

- O maior exemplo do sucesso do Kraftwerk em "robotizar a arte" é se apresentar somente com um integrante original e ninguém falar nada. De pioneirismo ficou a marca. E pensar que semanas atrás vi o Wu-Tang Clan com SETE integrantes originais e o pessoal ficou chorando pela ausência do Method Man e GZA. Curiosa essa percepção do público.

- Black Country New Road, Weyes Blood e The War On Drugs. Que tremenda escalação pra um mesmo palco, não? Não fui por questões familiares, mas bela curadoria.

- Vi comparações do The War On Drugs com o Dire Straits. Deve fazer sentido, mas sempre pensei num Bruce Springsteen com pitadas de shoegaze e krautrock.

- Muitas criticas INFUNDADAS a Weyes Blood. Compararam a Lana Del Rey, mas depois desse show risível no MITA, talvez essa turma coloque a mão da consciência. (me encare com humor). Pô, ela tem lindas canções e voz, sejam menos taxativos. 

- Lana, seus discos estão ótimos, mas fique em casa, o palco não é pra você. Beijos, linda.

- Vocês reparam o quão vazio estava a área vip do MITA? Ao fundo, na pista comum, o público se dilacera. Vergonhoso. Essa pista VIP tinha que ser proibida.

- NX Zero voltou redondo hein. O repertório é aquela fraqueza conhecida, mas achei a performance deles bem boa. Ou será que tenho assistido muito show ruim?

- Como é boa a mixagem das transmissões pra TV, né? Vi o Planet Hemp ao vivo não faz muito tempo e achei o som emboladaço (embora o show tenha sido bom e energético). Assistindo a transmissão, ficou claro que o problema não foi a execução, mas provavelmente o som da casa no show especifico que fui.

- As moças do Haim são carismáticas, talentosa e coisa e tal, mas podiam maneirar no papo furado. Gastaram o tempo de umas 2 músicas fazendo graça com a Xuxa. Show amarrado demais. Mas quando elas tocam (33% do show do total), funciona.

- Mars Volta, em sua fase mais sem graça, num show espetacular. Omar completamente focado em tirar sons especiais. A formação já foi melhor, mas ainda é incrível. Adorei. Fui ver o valor pro show em São Paulo no fim de semana que vem. Deixei quieto.

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