quarta-feira, 29 de março de 2023

Classicismo

Meses atrás fiz um texto sobre música barroca. Desde então caminhei em minhas audições e cheguei ao classicismo, a música clássica por excelência nominal. O período data da segunda metade do século XVIII até o início do século XIX, sendo deste modo relativamente curto.

Comparado ao período anterior, tudo soou com maior equilíbrio, leveza e elegância. Em alguns momentos chega a ser até contida e metódica demais em sua forma. Isso quando não “burlesca” e “easylistening”.

Vale lembrar, isso tudo na mera percepção de um leigo.

Li - e de fato percebi -, sobre o classicismo ser mais simples que o barroco em termo contrapontista. Isso ocorre porque há valorização a linhas melódicas principais em cima do acompanhamento. Há até mesmo uma exploração daquela forma “perguntas e respostas” nas melodias. Eis talvez a principal herança da música clássica para a música popular.

Instrumentalmente, vale dizer que é quando ocorre a ascensão definitiva do piano.

Por fim, digo que é dos períodos que ouvi até agora que menos me interessou. Problema meu, claro.

Deixarei breves pitacos sobre alguns compositores. Algo bastante introdutório, mas que pode ajudar iniciados como eu.

Johann Christian Bach / Carl Philipp Emanuel Bach / Wihelm Friedemann Bach 
Se Bach elevou a música barroca em sua perfeição contrapontista, seus filhos transformaram a herança do pai em algo mais direto. É a etapa inicial do classicismo em sua forma mais contida. Vale dizer que, embora nem tão lembrados hoje, na época eles fizeram considerável sucesso. Confesso ter dado pouca atenção.

Joseph Haydn
Compositor austríaco (de Viena, a grande escola do período), fundamental para entender a época, justamente por sua obra traduzir as características formais do estilo. Fosse as sinfonias, oratórios (vide A Criação) ou trabalho para quarteto de cordas, é tudo muito delicado, belo, consoante e melodicamente bem resolvido. Até por isso, é um ótimo artista para introduzir crianças a música erudita em geral. Influenciou o Mozart e foi professor do Beethoven. Acho isso maior que a própria obra, podendo eu estar erradíssimo.

Wolfgang Amadeus Mozart
Aqui a coisa fica séria. Não somente um dos maiores compositores do classicismo, mas da música como um todo, ainda que tenha vivido pouquíssimo tempo. Dentro da estética podada do período, há uma excentricidade composicional fruto de uma mente criativa, que gerou obras espetaculares e ainda hoje... clássicas, muito disso por sua capacidade de criar motivos altamente memoráveis. Ele conseguia soar tão complexo e denso quanto jocoso e irônico. Vale ainda lembrar sua personalidade extravagante, que fez dele uma celebridade de altos e baixos pessoais, embora sem deslizes artísticos. Ganhou muito dinheiro das cortês, morreu na miséria. Entre os destaques óbvios do seu trabalho está a ópera A Flauta Mágica e seu derradeiro e belíssimo Requiem.

Ludwig van Beethoven
Aqui, na verdade, me refiro apenas ao jovem Beethoven, presente na transição do classicismo para o romantismo. Gigante que é, superou gêneros, sendo difícil enquadrá-lo apenas em um só período. Todavia, vale dizer que há quem considere seu trabalho inicial produzido no classicismo - vide as duas primeiras sinfonias -, ainda em desenvolvimento.

Fernando Sor
Apaixonado pelas 6 cordas que sou, curiosamente o artista deste período que mais ouvi é o Fernando Sor, grande compositor e violonista espanhol que contribuiu com maestria para o desenvolvimento do instrumento. Acho sua obra exuberante. 
E uma pequena curiosidade: cheguei a prestar vestibular para violão erudito, onde executei com baixa destreza o "Minueto - Op. 22" para uma banca de professores. Não passei, claro, mas guardo com carinho a experiência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário