sexta-feira, 12 de março de 2021

TEM QUE OUVIR: Celtic Frost - To Mega Therion (1985)

O metal extremo é ignorantemente reconhecido por ser um estilo de agressividade sonora em detrimento da capacidade composicional. Todavia, quem acompanha o gênero sabe que ele vem ficando cada vez mais rebuscado, técnico, complexo e até mesmo vanguardista. E foram justamente os suíços do Celtic Frost que abriram muitas dessas portas com sua estreia, To Mega Therion (1985).

Numa época pré-explosão do Slayer, a capa assinada pelo H. R. Giger - que usa o corpo de Cristo crucificado como estilingue -, já aborda a blasfêmia a níveis chocantes.


A introdução do álbum com "Innocence and Wrath" traz graves poderosos de trompas e percussões (seriam tímpanos?). Um início denso e épico. 

A faixa desagua em "The Usurper", onde diferentes andamentos e acentuações rítmicas inusitadas proporcionam uma riqueza peculiar, realçando a brutalidade sonora. Atenção para a primeira entonação vocal do disco, o característico "Uhrl!" do Tom G. Warrior, líder da banda, anteriormente integrante do Hellhammer.

"Jewel Throne" é direta ao ponto, calcada num riff pesadíssimo, palhetadas abafadas e uma performance vocal bastante cavernosa para a época. Sua metade beira o death metal, tamanha a velocidade.

De ritmo muito mais arrastado, "Dawn Of Meggido" é tida como uma das faixas precursoras do black metal. Há um elemento sinfônico na canção que traz um clima gélido, soturno e amedrontador.

A energia de "Eternal Summer" tem muito do crossover, só que puxado mais para o thrash, chegando até mesmo a lembrar alguns momentos mais diretos do Sepultura, inclusive no solo de guitarra bastante cacofônico e dissonante. Tais características surgem também em "Fainted Eyes".

A paulada "Circle Of The Tyrants" chama atenção por seus bumbos inquietos e guitarras encorpadas. Na linha evolutiva do metal, impossível ignorar essa música.

No final, uma estranha "Tears In A Prophet's Dream" e a épica "Necromantical Screams" criam uma aura operística, com direitos a vocais femininos. É uma proposta sonora nem tão bem resolvida, mas que demonstra a inquietação do Tom G. Warrior.

Vale ainda dizer que, embora gravado há mais de três décadas, o álbum apresenta uma captação voraz. Clássico do metal extremo.

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