terça-feira, 22 de outubro de 2019

Criticar o line-up do Lollapalooza é desconhecer a música pop contemporânea

Já fazem algumas semanas que o Lollapalooza divulgou o line-up da próxima edição do festival - que ocorre em São Paulo nos dias 3, 4 e 5 de abril -, mas só agora venho comentar, visto que continuo lendo comentários negativos sobre a escalação. Curiosamente, de imediato achei o melhor line-up desde a segunda edição do festival (a última que eu fui), que tinha nomes como Black Keys, Queens Of The Stone Age, Alabama Shakes, Gary Clark Jr. e Tomahawk.

Não preciso nem dizer que esse post não é pago né? Afirmo até mesmo que sequer vou no festival. Ingresso absurdamente caro e lugar péssimo são os principais motivos. O público também é enfadonho, mas aí é muito critica de "tiozinho". Quem vai se diverte, então tá bom.

O lance é, falarei sobre alguns nomes do festival que comprovam que o line-up é bem bom. Como eles vão ser divididos nos três dias do evento, eu não faço ideia. Se cair tudo no mesmo dia (altamente improvável) eu até me comprometo a ir (tomara que não caia, me dou por satisfeito assistindo pela TV).

Falarei dos artistas na ordem que está escrito no cartaz.

Travis Scott
Se por um lado trazer Guns N' Roses e Strokes como headliner em pleno 2020 é um pé no saco (mas fazer o que, tem demanda, nem tão errado), o Travis Scott foi uma bela sacada. O show dele tem sido bem elogiado, ainda que eu preveja grande parte da imprensa criticando (pode ser o Eminem, Kanye West, Kendrick Lamar, Drake... tanto faz, grande parte da imprensa e do público não tem parâmetro de como funciona os shows de rap internacionais atuais). Dito isso, acho até possível que o show seja fraco mesmo (nunca vi nada), mas em disco ele tem momentos bem bacanas. Quem for vai assistir um dos grandes nomes do rap atual e o grande desbravador da estética trap.

Lana Del Rey
Ok, os shows dela não costumam ser grande coisa (muito blasé), mas ela lançou recentemente um disco bem bonito, o que pode colaborar nas apresentações. Recomendo conferir sem preconceitos.

James Blake
Esse talentoso e requisitado produtor demonstra grande personalidade em suas músicas. Fora que ele tem um punhado de canções bacanas que podem formar um ótimo repertório. O show vai funcionar num grande festival, tendo em vista que seu trabalho é mais introspectivo? Não sei, mas que ele tem qualidades, isso ele tem.

Brockhampton
Um dos mais interessantes coletivos de hip hop da última década (e um dos melhores de pop-rap desde sempre). As canções são divertidas (menos as do último disco, que embora sejam excelentes, são bem mais sombrias), a variedade interpretativa entre os MC's é bacana e o show provavelmente é bem intenso. O fato de nunca terem vindo ao Brasil promete juntar um público bastante interessado no espetáculo. Pode ser um dos grandes shows do ano.

Charli XCX
Uma artista pop fenomenal, que tenciona o gênero com suas produções corrosivas/sintéticas alinhadas em ganchos melodiosos. Seu disco recente (Charli) é fantástico. Ela também parece ter muito carisma, o que vai levantar ainda mais as canções ao vivo. Eu apostaria que vai ser bem legal.

Kali Uchis
Mais uma das mais interessantes artistas pop da atualidade. Ao contrário da Anitta, ela consegue trazer latinidade para sua música de forma genuína. Ela é sexy, canta bem e tem ótimas canções no repertório (o álbum Isolation foi dos meus prediletos de 2018). Não sei se ela se apresenta com banda (tomara!), caso sim, promete ser bem grooveado.

Denzel Curry
Uma das vozes mais fortes do hip hop atual. Seus últimos três disco são poderosos. Se rap for sua praia, é uma apresentação imperdível.

Idles
Talvez a grande banda de rock da atualidade. Composições maduras somadas a uma performance abrasiva é a fórmula do grupo. Adoro o tempero irlandês no punk rock deles. Se o público tiver em sintonia com a banda, vai ser uma paulada.

Resumão dos artistas nacionais
De quebra, teremos ainda o rap musculoso do Djonga e do já consagrado Emicida; a fenômeno pop Pabllo Vittar (que, diga-se de passagem, é uma escolha muito mais ousada e interessante que escalar a Anitta); o Jão (que sequer ouvir ainda, mas tem causado burburinho); de rock tem a Fresno (a única banda daquela cena emo que conseguiu se manter relevante), Terno Rei, Menores Atos... tem coisa boa. Isso sem falar na última linha do line-up, formada por WC no Beat, Ludmilla, Kevin O Chris, dentre outros (tá vendo, Rock In Rio, é assim que se coloca funk na escalação, não com a Fernanda Abreu e o Buchecha acompanhados de uma orquestra (???) cantando "Eu Só Quero É Ser Feliz").

Ah, vai ter Vampire Weekend e Cage The Elephant também (eles não vem todo ano?). Até o Mika vai dar as caras. Ou seja, opções legais tem. Informe-se e aproveite.

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