terça-feira, 17 de setembro de 2019

TEM QUE OUVIR: The Cars - The Cars (1978)

Pós 1977, tudo que era novidade no rock era jogado no balaio do punk, do pós-punk ou da new wave. Influenciados pelo lado libidinoso e criativo do Roxy Music, o The Cars caiu no limbo da new wave, muito também devido o visual espalhafatoso (outrora glam, agora new wave). Todavia, ouvindo o debut do grupo, é possível perceber que eles não eram exatamente isso.


Oriundo de Boston, o quinteto soa extremamente acessível. Essa eficiência cativante fez desta estreia um enorme sucesso, com hits radiofônicos e vendagem impressionante. "Just What I Needed" é das faixas que melhor explica esse sucesso. Sua forma de hard rock parece prever o estilo na década de 1980, ainda que a melodia de teclado desvie para algo muito mais futurístico. É o pop rock em um de seus melhores momentos.

Os arranjos bem amarrados e os timbres modernosos trazem uma aura artística rebuscada para a banda. Que o diga a espetacular "Good Times Roll", com suas vozes em coro no refrão, guitarras ritmicamente costuradas e teclados roxymusicianos. 

A clássica "Me Best Friend's Girl" tem melodia e clima tão cativantes dentro de um formato pop que deixariam Jeff Lynne com inveja. Já a ousada "I'm In Touch With Your World" mostra que o Cars podia até ser uma banda pop, mas que não abria mão da inquietude criativa.

A simbiose da voz poderosa do Ric Ocasek (também compositor, futuramente grande produtor), com as guitarras do subestimado Elliot Easton, os teclados coloridos do Greg Hawkes e a cozinha consistente formada por Benjamin Orr (baixo) e David Robinson (bateria), saltam aos ouvidos em "You're All I've Got Tonight".

O rock à la Sparks de "Don't Cha Stop", o hard rock glamouroso de "Bye Bye Love" e o pop futurístico da dobradinha "Moving Is Stereo" e "All Mixed Up" fecham esse álbum datado por excelência. Datado por fundir o pop comercial ao rock vanguardista.

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