domingo, 28 de julho de 2019

TEM QUE OUVIR: Everything But The Girl - Walking Wounded (1996)

Ainda que a década de 1980 seja conhecida como o período de maior proficiência da música POP - com letras garrafais, agora não mais como mera música jovem e popular, mas enquanto consolidação de uma sonoridade -, muito do gênero tornou-se datado. A carreira do duo inglês Everything But The Girl exemplifica muito disso. Ainda que suas composições oitentistas sejam legais, é uma abordagem/produção muito pasteurizada, que pouco soam instigantes atualmente. Por outro lado, em 1996, com já oito discos na bagagem, o grupo lançou Walking Wounded, uma pérola POP ainda hoje vigorosa.


Explorando batidas e climas do tão em voga trip hop, "Before Today" soa apaixonante. Muito graças a interpretação da Tracey Thorm, que soa profunda sem aparentar fazer esforço.

Toddy Terry, que havia trabalho na produção do single "Missing", traz novamente a atmosfera house para "Wrong". A canção tem muito do astral urbano e noturno inglês. É a dance music em sua melhor forma.

De construção belíssima, "Single" é uma brilhante amostra do downtempo. Adoro o ritmo esquelético, o sax soturno e a melodia/delicadeza vocal da faixa. Já os timbres de "Walking Wounded" são libidinosamente corrosivos, frios e dançantes.

Ainda é possível encontrar no disco uma bela balada calcada no violão ("The Heart Remains A Child"), ecos de hip hop ("Flipside), experimentações eletrônicas ousadas ("Big Deal") e ritmos de drum and bass ("Good Cop Band Cop"). Tudo, claro, sensualmente interpretado.

Explorado por tantos artistas de fora do gênero - da Madonna ao Lobão -, o duo foi quem melhor entendeu o trip hop, sendo esse disco um clássico da vertente. É o pop levado a sério.

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