sexta-feira, 26 de outubro de 2018

TEM QUE OUVIR: Willie Nelson - Red Headed Stranger (1975)

É fácil ser fã do Willie Nelson antes mesmo de conhecer sua música. Um velho caipira, de chapéu e tranças, fumador de maconha e sempre acompanhado de um violão surrado. Não precisa nem gostar de country e sequer dos EUA, Willie Nelson reina em seu mundo particular. Dito isso, afirmo: ele acima de tudo é um grande artista.


Quando lançou Red Headed Stranger (1975), Willie Nelson já tinha mais de uma década de estrada e 17 álbuns nas costas. E mesmo que a country music não estivesse no auge da popularidade, o cantor/compositor chegara no ápice de sua carreira.

O disco é uma obra conceitual que narra a fuga de um homem que assassinou a esposa e seu amante. É liricamente uma história climática e divertida. No vinil da época, vinha acompanhada de um quadrinho. "Red Headed Stranger" é a faixa que amarra toda essa narrativa western.

A linda voz de Willie Nelson (de afinação e dicção perfeita), está muita acima da caricatura dos cantores country. Sua interpretação é tão boa que dispensa arranjos pomposos. Aqui temos a velha música americana acompanhada de violões (com direito a bons solos), gaita, piano e pontuada percussão.

Logo nas duas primeiras faixas do disco, já temos a amostra de duas linguagens da música country. "Time Of The Preacher" é melódica, dolorosa e esfumaçada. Por sua vez, "I Couldn't Believe It Was True" tem aquele ritmo contagiante perfeito para acompanhar batendo o pé. Ela é agitada, mas sem ser festiva.

"Blues Eyes Crying In The Rain" é um dos maiores sucessos do Willie Nelson e, consequentemente, da música country.  É não menos que emocionante a versão instrumental para a já na época centenária "Just As I Am". É interessante também encontrar no disco o toque latino de "Sobra Las Olas" e a levada honky-tonk ao piano em "Down Yonder".

Willie Nelson é o cancioneiro perfeito que alimenta nosso imaginário sobre o marginal caipira norte-americano. Eu adoro isso.

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