quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Uma seleção das melhores músicas dos Titãs acompanhadas por memórias afetivas

O Titãs é um assunto recorrente aqui no blog. Já fiz textos elogiosos, criticas ferozes, vídeo e resenhas. Tudo que uma banda que me acompanha por toda a vida merece.

Hoje, de bobeira, fui ouvir o disco Domingo (1995), o qual não escutada há uns 15 anos. Achei impressionante como a produção soa melhor que qualquer álbum posterior do grupo. As composições então, nem se fala (ainda que irregular).

Lembrei que quando criança cantei "Um Copo de Pinga" para um tio alcoólatra. Recordei que adorava a música "Turnê". Lembrei o quão pesada me soava "Brasileiro" e o quão esquisita achava "O Caroço da Cabeça". Tais lembranças me fizeram querer ouvir os outros discos. Selecionar as canções prediletas foi natural. Eis o resultado:


Babi Índio
Não sou entusiasta dos dois primeiros discos dos Titãs. Todavia, dá pra apontar bons momentos. Eis aqui um exemplo. Talvez a faixa mais "encorpada" do primeiro disco, com direito a um momento instrumental bastante climático, se contrapondo a new wave meramente solar que rolava na época. Sua letra com o "não sei, não sei, não sei, pode ser, pode ser, pode ser" evidencia as primeiras incursões pela poesia concreta, tão comum ao grupo futuramente.

Toda Cor
Ótima faixa pop com toques de new wave e Jovem Guarda. Tem cheiro de sucesso. Acho estranho como o grupo abriu mão dela. Baita refrão, melodia simpática, guitarras divertidas e tremenda linha de baixo.

Televisão
Foi repaginada recentemente num programa da Rede Globo, mas a versão original presente no segundo disco do grupo continua insuperável. Era das minhas faixas prediletas quando criança.

Dona Nene
Mais uma que adorava quando criança. Seu enredo no supermercado é lúdico e seu ritmo acelerado é divertidíssimo. Referência a drogas ("Dona Nene comprava em pedra, Madame Gaspar comprava em pó" para logo depois "todas as senhoras em euforia"), além de um possível assassinato, hoje não parecem muito infantis. Curiosa as melodias de teclado.

Massacre
Disparada uma das faixas mais pesadas do rock nacional da época. Aponta para o futuro próximo da banda.

Cabeça Dinossauro
Aqui a coisa começa a ficar séria. A produção, a percussão, os vocais, a letra... a construção. Um espetáculo!

AA UU
Eu acabo de perceber que talvez cite o Cabeça Dinossauro inteiro. Fazer o que se as músicas são ótimas? Eis um exemplo de como a produção do Liminha profissionalizou o rock nacional. 

Igreja
Impossível escutar essa música com 6 anos e passar indiferente. Letra direta ao ponto. Boa melodia de guitarra e desempenho matador do baterista Charles Gavin.

Policia
Não pego mais pra ouvir, mas acho muito boa. Tremenda performance de todos.

A Face Do Destruidor
Menos de 40 segundos daquela que é a primeira faixa de hardcore que escutei na vida. 

Porrada
Charles Gavin mais uma vez rouba a cena. O refrão em coro soa urgente. Tem até um bom solo de guitarra, coisa rara no repertório do grupo.

Bichos Escrotos
Clássico do rock nacional. Excelente letra, linha de baixo, teclados e arranjo de guitarras. Tudo certo.

Homem Primata
Outra que não vou botar mais pra ouvir, mas basta tocar a introdução pra me trazer boas memórias. Refrão tão legal quanto bobinho.

Todo Mundo Quer Amor
Arranjo estranhíssimo numa letra absurda de tão bem escrita. Considero o Arnaldo Antunes o mais criativo letrista da época. Sua feroz interpretação também ajuda.

Comida
Mais uma grande letra em cima de um instrumental nada ortodoxo. Ótima linha de baixo.

Diversão
Daqueles hits improváveis, embora irreparável. Ótimo riff, um looping esquisito durante toda a faixa e refrão explosivo.

Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas  (versão do ao vivo Go Back)
Faixa que evidencia que o grupo não tinha grande compromisso comercial na época. Adorava quando criança. Tremendo riff. Em conjunto da faixa seguinte forma uma das minhas aberturas de disco ao vivo prediletas.

Nome Aos Bois (versão do ao vivo Go Back)
Me lembro de ainda jovem ficar pesquisando sobre cada um dos personagens citados na letra. Uma composição no mínimo instigante. Boa guitarra.

Pavimentação (versão do ao vivo Go Back)
Acho a letra extremamente criativa. Seu momento vocal em coro após o solo de guitarra onde ecoa diversos "pa, pa, pa, pavimentação" é de intensidade absurda.

Marvin (versão do ao vivo Go Back)
Quando criança eu achava essa música um saco. Hoje acho a letra emocionante. Das raras boas versões do rock nacional.

Lugar Nenhum (versão do ao vivo Go Back)
A introdução de bateria, o riff de guitarra e os berros enfurecidos de "brasileiro o caralho" do Arnaldo Antunes formam um dos melhores momentos de um grupo de rock brasileiro em cima do palco.

Miséria
Mais um salto no quesito produção. Um absurdo a riqueza sonora dessa música. A letra também é fantástica.

Medo
"Precisa perder o medo da música".

Flores
Um dos primeiros riffs que aprendi a tocar na guitarra, sendo assim, a memória afetiva não permite que eu ignore a faixa. Inclusive, essa soma de guitarra com violão na introdução gera um timbre poderoso. Sua letra fúnebre em cima de uma melodia luminosa é muito bem estruturada. Até o solo de sax funciona.

O Pulso
O hit mais "anti-hit" do rock nacional. Essa beira o genial.

32 Dentes
Adoro a intensidade dos violões, muito bem arranjados, executado e captado. É também possivelmente o grande momento do Branco Melo. Fora que a letra brinca com a ótima "Com Mais de 30" do Marcos Valle.

O Fácil É O Certo
Arranjo muito bem desenvolvido dentro de uma instrumentação básica de rock. Boa letra.

Filantrópico
Afinal, vivo "acumulando raiva e rancor".


Charles Gavin e Nando Reis formam uma das melhores cozinhas do rock nacional oitentista e isso fica nítido aqui. Já sua letra muito explorou minha imaginação quando criança.

Eu Vezes Eu
O perfeito shoegaze brasileiro. Uma interpretação vocal contida em cima de uma nuvem de guitarras distorcidas.

Saia De Mim
Adoro essa música. A execução do instrumental soa feroz, ainda mais diante da produção extremamente crua. 

Será Que É Isso Que Eu Necessito?
Agora tenho que tomar cuidado para não citar o Titanomaquia inteiro. Entendo todas a criticas negativas ao disco (vide o clássico texto do André Barcinski na BIZZ), mas quando se é criança, tais composições falaram mais alto que qualquer coisa que eles tentaram emular. Só de ouvir a bateria da introdução dessa música já fico com o astral elevado.

Hereditário
A grande faixa do Nando Reis nos Titãs. A performance do Charles Gavin mais uma vez impressiona (tem viradas bem legais).

Agonizando
Cansei de elogiar o Charles, mas porra, essa bateria é transpirante. O riff também é ótimo (inclusive o riff no meio da faixa, antes do solo). Vale destacar o berro quase gutural do Sérgio Brito, aquele que poucos anos depois estaria cantando "Epitáfio". Que coisa, não.

A Verdadeira Mary Poppins
A banda tava muito afiada. Que paulada!

Tempo Pra Gastar
Acho demais o timbre já desgastado da voz do Sérgio Brito. Fora que a faixa é um rock simples e eficaz como poucos.

Dissertação do Papa Sobre o Crime Seguido de Orgia
Mais uma letra pra não passar despercebida quando se é uma criança de 6 anos. Ótimo riff.

Taxidermia
Essa introdução é muito sinistra (e o final também). Tremenda performance do Paulo Miklos.


Depois de uma sequência tão matadora como as presentes no disco Titanomaquia até desanimei continuar a lista pelos outros discos. E olha que tudo isso começou ao pegar o Domingo para reouvir.

E pra fechar, um TOP 5 piores músicas que me deparei no meio do caminho:

- Pule
Meio new wave, meio "soul", meio Gilberto Gil... completamente equivocada. Som de plástico.

- Pra Dizer Adeus
A versão do Televisão é ainda pior que a do acústico. Impressionante.

- Tô Cansado
A única faixa do Cabeça Dinossauro que não gosto. Sempre achei chata.

- Pela Paz
Não há nada que justifique um salto tão grande para ruindade como esse.

- Vossa Excelência
Poucas coisas são tão chatas na música como forçar engajamento politico

2 comentários:

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  2. Até hoje ainda me pergunto o que aconteceu com a Dona Nenê...

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