quarta-feira, 12 de setembro de 2018

TEM QUE OUVIR: Soft Cell - Non-Stop Erotic Cabaret (1981)

No início da década de 1980, o synthpop tornou-se tendência. Por mais que eu adore muito discos do período, escutando-os hoje, eles soam um tanto quanto cafonas timbristicamente. E não trata-se de ser meramente datado. O problema se dá quando uma obra parece estar a serviço de uma tecnologia outrora moderna e hoje rudimentar. Dito isso, acho valiosa enquanto contraponto a audição atenta do Non-Stop Erotic Cabaret, obra-prima do Soft Cell, lançada também em 1981.


O duo é formado por Marc Almond (voz) e Dave Ball (programações e sintetizadores). Sua produção, embora dura e tecnologicamente limitada, é extremamente criativa. Isso se faz valer desde "Frustration", faixa que mesmo abrindo mão das guitarras e trazendo um solo de sax, consegue ter uma atitude punk, muito graças a interpretação vocal intensa do Marc.

Há um clima urbano, noturno, sexy e fetichista presente desde a capa do disco, até o balanço sintético de "Seedy Films". O mesmo vale para a maluca e sadomasoquista "Sex Dwarf". Já o clima dark do pós-punk se manifesta na profunda "Youth".

Muito da cena techno posterior foi oriunda do beat e do baixo veloz de "Chips On My Shoulder" (já o coro vocal é pura new wave). Na mesma linha, "Bedsitter" remete diretamente a cena clubber londrina.

Vale ainda lembrar da linda "Say Hello, Wave Goodbye", que diga-se de passagem, serviu de matéria prima para o Renato Russo compor "Será".

Mas nenhuma destas música se compara a clássica "Tainted Love", dona de melodia vocal luminosa, sintetizadores de clima noir, "palmas" pulsantes e luxuria implícita. Uma das grandes canções da música pop.

O grupo nunca mais voltou a repetir o êxito deste disco. Todavia, sua influência transgrediu gêneros, indo do Nine Inch Nails a Lady Gaga passando por Orbital, Marilyn Manson e Smashing Pumpkins.

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