Em meados da década de 80, toda uma geração ficou órfã com o fim do The Clash. Foi então que o New Model Army capitulou o espirito politico contestador e alinhou a uma eficiência sonora absurda. The Ghost Of Cain (1986) é o grande documento deste período.
A pulsante "The Hunt" abre o disco trazendo uma atmosfera densa e linha de baixo robusta. A faixa tem uma dinâmica crescente impressionante, culminando em berros que devem ser seguidos com socos ao ar.
Existe um clima gótico no ritmo tribal e na melodia vocal melancólica de "Lights Go Out" que nos impede de rotular a banda. Punk rock, rock alternativo, gótico e até mesmo elementos da música celta (vide "Lovesongs") fazem parte do arsenal do New Model Army.
A clássica "51st State" - que faz referência a submissão da Inglaterra aos EUA - é um dos melhores exemplos da capacidade do grupo em alinhar temática política com um senso melódico e execução vibrante (vide o refrão explosivo). A maneira com que eles incluem violões nos arranjos também é de grande sabedoria. Isso ocorre novamente com grande êxito em "Master Race".
É não menos que maravilhosa a participação do Mark Feltham tocando gaita na nocauteante "Poison Street". Mas é o Justin Sullivan o grande nome da banda, sendo não só um cantor visceral, mas também um compositor talentoso, vide a arrojada "Western Dream". A musculosa cozinha também chama atenção nesta faixa.
The Ghost Of Cain é a prova de que é possível ser inteligente sem abrir mão da atitude dentro do rock.
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