quinta-feira, 24 de maio de 2018

TEM QUE OUVIR: Descendents - Milo Goes To College (1982)

Antes mesmo de ouvir o álbum Milo Goes To College (1982) do Descendents, eu já via sua capa estampada em camisetas de amigos. Todo um cenário que para mim até então representava a juventude noventista, ao ouvir esse disco foi por água abaixo. O pop punk nada mais que a apropriação da sonoridade iniciada aqui.


Basicamente o que Buzzcocks representa para o punk rock, o Descendents representa para o hardcore. O grupo não é tão engajado quanto seus contemporâneos, mas traduz em seu som um anseio jovem por liberdade. Além do mais, a energia presente na execução das faixas renova a adrenalina de qualquer ouvinte.

A cozinha formada por Bill Stevenson (bateria) e Tony Lombardo (baixo) é espetacular. O primeiro espanca sua bateria trazendo levadas de tons e caixa, enquanto o segundo está sempre procurando um espaço para melodias através de seu instrumento. Isso fica evidente na divertida "Myage", canção que abre o disco.

Faixas curtinhas como "I Wanna Be A Bear", "Tony Age" e "M-16" evidenciam o fato do grupo não obedecer estruturas ao compor. Já "Catalina" é de aprimoramento embasbacante para uma banda iniciante vinda de um gênero tido como tosco.

Embora a intensidade em faixas como "I'm Not A Punk", "Suburban Home" e "Bikeage" seja imensa, é interessante notar como tudo soa com grande clareza, o que deixa clara a competência técnica da banda.

A auto afirmativa "I'm Not A Loser" e a rebelde "Parents", embora inocentes, explicam um pouco o porque tantos jovens terem se identificado com a banda.

O grupo conseguiu formar toda uma identidade musical e estética, sendo até hoje cultuado entre uma geração que formou-se através deste disco. Tudo isso num álbum que ao todo não passa dos 23 minutos.

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