terça-feira, 10 de abril de 2018

TEM QUE OUVIR: Can - Ege Bamyasi (1972)

É comum sentirmos influência do krautrock em muitas bandas do rock alternativo. Isso se revela não necessariamente via as experimentações dos grupos alemães, nem via o uso de elementos eletrônicos, mas principalmente através do ritmo hipnótico que ficou conhecido como motorik. O trabalho que é a fonte primária dessa tendência é o espetacular Ege Bamyasi (1972) do Can.


Um ano antes, o Can já havia produzido o experimental Tago Mago, disco importante, mas inegavelmente de difícil imersão. Não que o Ege Bamyasi seja um diluição da proposta anterior, mas aqui tudo parece tão bem amarrado que sua apreciação é fluída, a começar pela desconcertantemente grooveada "Pinch".

A abordagem repetitiva encontrada neste disco gera um efeito altamente psicodélico. Isso se deve principalmente ao monstro da bateria Jaki Liebezeit e, ao cabeça do grupo, o baixista/produtor Holger Czukay. Neste combo, não dá também para ignorar os delírios vocais do Damo Suzuki, vide sua performance na maluca (e longa) "Soup".

A repetição rítmica de "One More Night" chega a ser dançante. Mas nada se equipara a "Vitamin C", um clássico do absurdo, com seu crescente arranjo abstrato.

A influência do álbum se faz valer no sample da linda "Sing Swan Song" em "Drunk And Hot Girls" do Kanye West e até mesmo ao nome da banda do Britt Daniel, claramente inspirada pela transcendental "Spoon". 

Stephen Malkmus, Thurston Moore, Thom Yorke, James Murphy e Geoff Barrow são outros que citam a obra como referência. Não por acaso é possível ouvir lampejos deste rock alternativo noventista na ótima "I'm So Green".

Na sequência, a banda ainda faria o espetacular Future Days (1973), mas ai é história para um próximo "Tem Que Ouvir".

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