terça-feira, 20 de março de 2018

TEM QUE OUVIR: Chet Baker - Chet Baker Sings (1956)

Embora no jazz exista particularidades complexas, alguns discos são tão especiais que não é necessário embasamento teórico ou análise histórica para aprecia-lo. Basta a música ecoar para ela alcançar nossos corações. Chet Baker Sings (1956) é um ótimo exemplo.


Trompetista consagrado, Chet Baker apostou em seu canto e alcançou picos ainda maiores. Embora a critica da época negasse, o público - principalmente feminino - se derreteu com sua voz contida em arranjos enxutos e maravilhosos.

Sua voz de afinação precisa, não faz uso de grandes malabarismos, mas é de perfeição sonora hipnotizante. Com projeção amorosa ao microfone, é cinematográfica a experiência auditiva de canções como "It's Always You" e "I've Never Been In Love Before". Seu estilo de cantar fez a cabeça de muita gente, até mesmo no Brasil, principalmente entre a geração da bossa nova.

O ritmo dançante de "That Old Felling", o walking bass fluente de "Like Someone In Love", a celesta sonhadora de "My Ideal" e os belos solos de trompete em "My Buddy" e "But Not For Me" são exemplos do instrumental exuberante do disco. Mas o maior exemplo disso talvez seja "I Get Along Without You Very Well". Há música mais bonita?

Alguns clássicos ganharam força aqui, é o caso das lindas "Time After Time" e "My Funny Valentine", ambas com um show à parte do pianista Russ Freeman, que com justiça divide com Chet a capa do disco. Seu piano grandioso em "I Fall In Love Too Easily" é uma aula de harmonia.

Exemplo máximo de cool jazz, Chet Baker Sings proporciona algum dos momentos mais agradáveis da história da música. Sua arte é o oposto (e também resultado) de sua dramática vida.

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