terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

TEM QUE OUVIR: Frank Zappa - Apostrophe (') (1974)

Dentro da imensa, variada e brilhante discografia do Frank Zappa, não existe unanimidade na escolha do álbum predileto. Sendo assim, exponho aqui aquele que mais faz a minha cabeça: Apostrophe (') (1974).


Em pouco mais de 30 minutos, Frank Zappa evidencia toda a complexidade apaixonante do seu trabalho, a começar pela curtinha "Don't Eat The Yellow Snow", onde basta o groove desconcertante em cima da repetitiva melodia pra bagunçar nossa mente. Isso sem mencionar a divertida letra.

O arranjo nada convencional e o texto irônico de Zappa constroem "Nanook Rubs Ir", faixa onde seu canto falado chega ao ápice. Isso sem mencionar o clima R&B e as passagens ácidas de guitarra.

Como descrever a dobradinha "St. Alfonzo's Pancake Breakfast" e "Father O'Blivion" (adoro o final dessa faixa)? É aquele tipo de viagem exclusiva do universo zappiano, onde o rock progressivo, a música erudita e o humor nonsense viram uma coisa só. Ultra complexas.

No meio de tanta extravagância, há um clássico: "Cosmik Debris", dona de um arranjo espetacular, que cria a ambientação para que Zappa encarne um guru. Destaque para o solo bluesy de guitarra. Atenção também para a participação do George Duke nos teclados e backing vocal. Ele volta a dar as caras em "Uncle Remus", faixa de bonita melodia vocal, interpretada/arranjada com enorme sabedoria. E da-lhe mais passagens primorosas do Zappa nas seis cordas. 

Falando em participação, o baixo gorduroso do Jack Bruce e a bateria swingada do Jim Gordon saltam aos ouvidos na delirante "Apostrophe'". Uma cacetada.

Fechando o disco, a faixa mais longa: "Stink-Foot", quase sete minutos de perspicácia sônica.

Tão complexo quanto acessível, Apostrophe (') me soa como o disco mais bem acabado do Zappa. Uma ótima porta de entrada a esse mundo tão falado e pouco conhecido.

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