segunda-feira, 27 de novembro de 2017

TEM QUE OUVIR: Magma - Mëkanïk Dëstruktïẁ Kömmandöh (1973)

Uma das razões que me leva a uma obra artística é a de valorização dos sentidos. E não digo isso em tom blasé, mas como questão fundamental. E é justamente isso que oferece o grupo francês Magma, vide o seu cultuado Mëkanik Dëstruktïw Kömmandöh (1973), obra de características singulares.


Apresentado inicialmente como uma banda de rock progressivo, o Magma pouco lembra os artistas contemporâneos do estilo. Embora traga guitarras, baixo e bateria em sua formação, a instrumentação faz uso de elementos sinfônicos, que somado a flautas, clarinetes e pianos, muito se aproxima da música erudita. As vozes grandiosas e dramáticas arranjados em coro, também contribuem para essa percepção. Todas essas características são explicadas devida a influência do compositor Carl Orff em todo o disco, com destaque para "De Zeuhl Wortz Mekanik". Já na última faixa ("Kreuhn Kohrmahn Iss De Hundin"), é possível sentir toques à la John Coltrane.

Por trazer na liderança o baterista Christian Vander, o grupo tem um aprimoramento rítmico impressionante. Isso sem abrir mão de melodias sofisticadas, dinâmica variada e elementos sonoros que mais parecem construir uma nova arte delirante ao invés de simplesmente trabalhar a forma canção. Tais peculiaridades estéticas enquadram o grupo numa subdivisão do rock progressivo chamada Zeuhl, do qual, aparentemente, o Magma reina isolado.

Todavia, dentre tantas características bizarras, a mais diferente se dá no conceito, já que o grupo canta num dialeto próprio, nomeado kobaïan, oriundo do planeta fictício Kobaïa. Toda a trajetória do grupo se deu através desta língua, que somada ao instrumental sui generis, faz com que a banda pareça realmente interplanetária. Talvez seja. Escute o disco e tire suas conclusões.

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