quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

TEM QUE OUVIR: David Bowie - "Heroes" (1877)

Em 1977, no auge no punk rock, David Bowie era um dos poucos artistas ditos consagrados que conseguia provocar algum tipo de entusiasmo na juventude. Já estabelecido na Alemanha, ele lançou o clássico "Heroes", o segundo álbum da famosa Trilogia de Berlim.


Gravado em paralelo a sua parceria com o Iggy Pop - tanto em tour quanto no também histórico The Idiot -, Bowie buscou referências sonoras no krautrock e somou forças ao produtor Tony Visconti para chegar em seu delirante resultado.

Diferente de tudo, "Beauty And The Beast" traz elementos instigantes, incluindo o estranhíssimo solo de guitarra do Robert Fripp. Mas não é somente nesta faixa que o líder do King Crimson brilha, vide seu riff em "Joe The Lion" e o timbre/melodia futurista na emblemática "Heroes", obtido através de camadas sobrepostas. Paralelo a isso, Bowie interpreta a letra com uma paixão poucas vezes vista. Um refrão no mínimo emocionante. Clássico!

A riqueza de sua banda - que contava com Carlos Alomar (guitarra), Dennis Davis (bateria) e George Murray (baixo) - se faz valer na bela "Sons Of The Silent Age", com direito a ótima performance vocal do próprio Bowie.

O experimental/eletrônico lado B, arquitetado em colaboração com o Brian Eno, é um momento único na música pop, a começar pela sonoridade inovadora "V-2 Schneider" (explicitamente influenciada pelo Kraftwerk), atingido pela pobreza dos bairros turcos em "Neuköln", apaziguado na zen "Moss Garden" e, principalmente, assombrado pelo muro em "Sense Of Doubt".

De tão histórica, a capa de "Heroes" - que diga-se de passagem, traz a atmosfera do cinema expressionistas alemão, vide O Gabinete de Dr. Caligari e Metropolis -, foi revisitada no álbum The Next Day (2003), mais uma prova que David Bowie nunca esqueceu seus anos na Alemanha. O mundo da música também não, sendo a obra referência de criatividade, vanguardismo e hibernação cultural.

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