terça-feira, 4 de outubro de 2016

WILCO: UMA MÚSICA POR DISCO

Post dessa semana no Maria D'escrita

Estou na semana Wilco! Após 10 anos admirando o grupo à distância, vou ter a oportunidade de assistir não um, mas dois shows da banda (obrigado, Luciana!).

Com o show me vem a oportunidade de, mais uma vez, recomendar esse grupo maravilhoso que, incompreensivelmente, não desfruta do reconhecimento que mereceria no Brasil.

Barack Obama, Bob Dylan, Neil Young, Ethan Hawke... são muitos os que se dizem admiradores do Wilco. Para que você também possa ser guiado para banda, trago uma música de cada um de seus belos discos, tentado construir um panorama de mais de duas décadas em apenas 10 canções.

Vale registrar que me limitei apenas aos discos de estúdio exclusivos do Wilco, deixando de fora o ótimo ao vivo Kicking Television (2005) e os lançados em parceria com o Billy Bragg. Sem mais delongas, eis minha seleção.


01: "Box Full Of Letters", do A.M. (1995)
Com o término do Uncle Tupelo, Jeff Tweedy e seu parceiro John Stirratt montam o Wilco calcado na sonoridade do antigo grupo. É puro alt-country, ou seja, influência de Byrds em tempos de Pavement. "Box Full Of Letters" é um belo cartão de visita.

02: "Misunderstood", do Being There (1996)
Não que o alt-country ainda não estivesse lá, mas com Being There o Wilco ganha personalidade. Tem vestígios de power pop, psicodelia e o bom gosto do Jay Bennett ao proporcionar guitarras rockeiras em arranjos agora mais elaborados, ora energéticos, ora completamente melódico, como na crescente "Misunderstood".

03: "Can't Stand It", do Summerteeth (1999)
Jeff Tweedy evolui enquanto compositor. Suas letras ficam mais confessionais e os arranjos mais cristalinos. Algumas das canções mais memoráveis do grupo estão aqui. Mais um salto de qualidade que reafirma o valor da banda.

04: "Jesus, etc.", do Yankee Hotel Foxtrot (2001)
Enfrentando um enredo brilhantemente conturbado com a gravadora, Wilco lança seu maior clássico. Um dos grandes discos do século XXI. Um apanhado de maravilhosas melodias em canções não menos que memoráveis. Tão indie quanto art rock. Difícil selecionar apenas uma faixa, mas vou de "Jesus, etc.", uma balada folk das mais belas.

05: "Spiders (Kidsmoke)", do A Ghost Is Born (2004)
Após todas as adversidades e a consagração do álbum anterior, Tweedy foi para a reabilitação tratar seus vícios e Jay Bennett abandonou a banda. O resultado foi um trabalho mais experimental, pessoal e até mesmo depressivo. Musicalmente, nenhum problema, já que a colaboração de Jim O'Rourke foi de total excelência, agora com mais ênfase em ruídos e elementos do krautrock, vide a épica "Spiders (Kidsmoke)", com direito a frases de guitarra que deixariam Coltrane intrigado.

06: "Impossible Germany", do Sky Blue Sky (2007)
Foi aqui que conheci o grupo. O espetacular guitarrista Nels Cline acabara de entrar para a banda e ajudou a construir belos arranjos para lindas canções. Disco suave, completamente oposto ao experimentalismo do trabalho anterior. Chega a ser um tanto quanto progressivo de tão bonito. "Impossible Germany" tem o melhor solo de guitarra das últimas décadas.

07: "One Wing", do Wilco (The Album) (2009)
Um álbum cristalino, pop, melódico e que em alguns momentos remete aos Beatles. Uma boa porta de entrada. Chegou a levar um Grammy. Por que a banda não é mainstream?

08: "Art Of Almost", do The Whole Love (2011)
Talvez a primeira grande queda. Não exatamente em qualidade, mas não percebo nenhum crescimento ou mudança de direção. Talvez o único destaque seja o baterista Glenn Kotche. Como ele toca, não? Claramente um trabalho menor, embora com bons momentos.

09: "You Satellite", do Star Wars (2015)
Do nada, sem prévio aviso, eis que surge Star Wars, oposto ao perfeccionismo dos últimos lançamentos, muito mais cru e experimental. Nels Cline detona. O krautrock e o Television voltam a ser referência. Ousado e difícil. Discão.

10: "Common Sense", do Schmilco (2016)
Tem muitas semelhanças com Star Wars, embora mais acústico e ainda menos polido. Fora a temática triste e confessional. A country music volta a dar sinais. Mais um disco difícil de uma banda criativa e nada acomodada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário