terça-feira, 17 de maio de 2016

TEM QUE OUVIR: Bob Dylan - Blonde On Blonde (1966)

Em 1966, Bob Dylan já era um ícone. De "embaixador" da música folk - sucessor direito de Woody Guthrie -, tornou-se o rebelde do estilo ao eletrificar seu som. Vindo do também clássico Highway 61 Revisited (1965), Blonde On Blonde fecha sua trilogia rockeira, concretizando os caminhos de um artista genial.


Sendo o primeiro disco duplo da história do rock, Blonde On Blonde é o retrato - e, ao contrário da capa, nada desfocado - do quão produtivo era o Dylan. O álbum transita entre a mais fina arte literária e a cultura de massa em voga (no caso, o rock).

Produzido por Bob Johnston em Nashville, Dylan tem sua poética sínica e ácida acompanhada por uma ótima banda de apoio, a futura The Band, com inclusão do Al Kooper e destaque para o guitarrista Robbie Robertson, vide sua performance na linda "I Want You".

Mas a abertura da obra se dá com "Rainy Day Woman #12 & 35", um blues ébrio de sonoridade profunda, que remete diretamente as ruas de New Orleans.

Adoro o desenvolvimento melódico de faixas como "One Of Must Know (Sooner Of Later)", com destaque para a interação do piano com o órgão dentro do arranjo.

A melancolia se faz presente na bucólica "Visions Of Johanna" (que reforça o grande interprete vocal que é o Dylan, ainda que isso nem sempre seja levado em conta) e na balada/valsa "Just Like A Woman", dois dos maiores clássicos do repertório do Dylan.

"Sad Eyed Lady Of The Lowlands", um épico de 11 minutos que ocupa um lado inteiro do vinil, é que fecha a obra, sendo tanto uma declaração de amor para sua esposa Sarah Lowndes, quanto um prefácio de que o sonho de "paz & amor" hippie era somente uma utopia.

Meses após o lançamento, Dylan se envolveu num acidente de moto que quase tirou sua vida. Felizmente, ele se recuperou. Todavia, se ali sua passagem pela Terra tivesse acabado, seu nome já estaria grifado na história.

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