Não faltam detratores que acusem o The Cult de oportunismo. Como prova apontam os cliches setentistas, o salto do som gótico para o tipico hard rock em ascensão em meados da década de 1980, a postura afetada de artistas deslumbrados pela fama, dentre outras atitudes questionáveis. O que ninguém critica é o resultado sonoro alcançado pelo grupo, vigoroso durante toda sua primeira década.
É verdade que a banda outrora de pós-punk/gótico se deixou levar pelo hard rock tão em voga no mercado ao lançar Electric (1987), mas é verdade também que foi aqui onde eles alcançaram o melhor resultado (do grupo e do gênero).
De alguma forma, esse álbum pode ser compreendido como um estudo sobre o rock n' roll curto e direto. Isso se revela na excelência, mas também na repetição disciplinada de uma fórmula que envolve timbres, arranjos, levadas e atitude.
Produzido pelo Rick Rubin, o disco bebe diretamente na fonte do AC/DC. Os riffs do subestimado Billy Duffy são básicos, mas abrasivos. Destaque para seu enorme som de guitarra.
A trinca inicial formada por "Wild Flower", "Peace Dog" e "Lil' Devil" acompanha uma boa festa. Até mesmo a versão para a óbvia "Born To Be Wild" (Steppenwolf) é surpreendente em seu êxito visceral.
Com berrinhos à la Robert Plant, trejeitos de Mick Jagger e timbre de Jim Morrison, Ian Astbury demonstra o porque de ser lembrado como um dos grandes vocalistas daquela época. E são justamente suas qualidades que elevam o hit "Love Removal Machine".
Rock feito por rockeiros de plástico? E quem disse que o rock é honesto com ele mesmo. Deixe o papo de "música genuína" para os ingênuos. The Cult fez do oportunismo um disco entusiasmante, competente e avassalador dentro da sua proposta. Quem dera toda caricatura fosse assim.
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