sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

TEM QUE OUVIR: Paul Simon - Graceland (1986)

Durante décadas a África do Sul viveu um embargo cultural. Diversos artistas boicotaram o país como forma de manifesto contra o apartheid. Isolados, a música do país africano enriqueceu organicamente dentro de suas peculiaridades rítmicas e melódicas. Com isso, antes mesmo de pensar em importar, eles estavam exportando sua música e colocando sob holofote a crise social do país. 


Paul Simon, um veterano inquieto em crise de meia-idade, percebeu isso e trouxe sons do país africano para a sua música. Em "Diamonds On The Soles Of Her Shoes" e na bela "Homeless", ele contou com o grupo vocal sul-africano Ladysmith Black Mambazo para essa radiante fusão cultural. 

Uma das peças fundamentais para a peculiaridade sonora do disco é o baixista Bakithi Kumalo, um gênio dos ritmos complexos e do instrumento fretless, vide sua presença nos hits da época "The Boy In Bubble", "Graceland" e "You Can Call Me Al", um pop de sintetizadores oitentistas e letra extensa. 

Em "Under African Skies" é Linda Ronstadt que acompanha os tão estereotipados "umba umba umba ôô". Já em "Crazy Love, Vol. II" é a guitarra de Adrian Belew que marca presença.  

Junto com So do Peter Gabriel - lançado também em 1986 -, Graceland trouxe para a música pop sons regionais pouco explorados. A tal world music virara tendência. Boas vendas e premiações no Grammy deram novo fôlego para o Paul Simon, que anos depois tentaria o mesmo êxito ao lado do Olodum. Pouparemos sua bola fora.

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